Americanos, brasileiros, chineses e peruanos. É com essa mistura de nacionalidades que está acontecendo o projeto “Social IT Solutions Workshop 2020 Brazil”, que objetiva estimular a aplicação de conhecimentos técnicos, aprendidos em sala de aula, em questões sociais com foco no ser humano. O Workshop é liderado por uma equipe de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e conta com a parceria de docentes e discentes da Uesb, campus de Vitória da Conquista, e da Universidade Federal da Bahia (Ufba), em Salvador.
A ideia é capacitar os estudantes brasileiros com conhecimentos e habilidades interdisciplinares nas áreas de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) para desenvolvimento, mídia digital e aprendizado de design. A primeira fase do Workshop aconteceu de 20 a 24 de janeiro, no campus de Vitória da Conquista, já a segunda, acontece até o dia 31, na Ufba.
Divididos em equipes, os 24 participantes estão trabalhando no desenvolvimento de soluções tecnológicas para os desafios sociais presentes tanto em Vitória da Conquista como em Salvador. A gravidez na adolescência foi um dos problemas identificados pela equipe composta por Laverty Ladeia, discente do curso de Ciência da Computação da Uesb, e outros discentes também da Uesb e da Ufba.
Laverty e sua equipe propuseram duas soluções para minimizar o problema: o desenvolvimento de um aplicativo e de uma inteligência artificial. Não parece, mas as ideias passam longe da frieza das tecnologias. Isso porque o aplicativo vai reunir mulheres para atuar como agentes multiplicadoras que vão se capacitar e, posteriormente, entrarão em contato com as adolescentes no intuito de conscientizar e levar informação. Segundo o discente Laverty, o contato pessoal com as jovens trará maior alcance e efetividade para a proposta.
A segunda solução será colocada em prática a partir dos dados obtidos com o aplicativo. A ideia é que a inteligência artificial auxilie o poder público nas tomadas de decisões referentes ao problema. Para Laverty, o Workshop está fazendo com que ele veja o mundo além da tecnicidade frequente em seu curso. “A tecnologia é muito ampla e tem um impacto grande na vida das pessoas, não só no sentido de tecnologia na vida social, mas a vida social influencia a tecnologia”, enfatizou.
Diversidade – A estudante de Ciência e Tecnologia da Ufba, Ana Carolina de Jesus, ressaltou a possibilidade de conhecer diferentes realidades e de conexão com outras instituições a partir das atividades do projeto. “É muito enriquecedor, não só pelo contato com outras culturas, mas também com estudantes de outros estados que também são de instituições públicas como a Uesb”.
Entre os pesquisadores que vêm compartilhando experiências acadêmicas e culturais com Ana Carolina e todo o grupo, está Su Han, chinês que faz Mestrado em Estudos Comparativos de Mídia no MIT e um dos monitores do Workshop. “Os estudantes brasileiros são muito participativos, estamos trocando muitas experiências. A gente vem para fazer o intermédio entre os aprendizados da sala de aula e a prática”, afirmou Su Han.
O projeto teve início em 2019 na cidade de Dar es Salaam, na Tanzânia. Para Iago Bojczuk, um dos facilitadores do Workshop e pesquisador do MIT, a iniciativa ajuda a entender o desenvolvimento tecnológico além de códigos e softwares e traz questionamentos importantes: “como tornar o desenvolvimento tecnológico mais incluso, mais sustentável e localmente mais interessante do que, simplesmente, importar tecnologias de fora?”.