Adquirir conhecimento e aplicá-lo na prática. É assim que funciona o modelo de ensino-aprendizagem dos alunos da Escola de Família Agrícola (EFA), no município de Anagé. Por meio da pedagogia da alternância, os filhos de produtores rurais podem passar 15 dias na escola, aprendendo disciplinas do ensino regular e também técnicas de produção agrícola, e os outros 15, na propriedade, aplicando os conhecimentos adquiridos.
Na última quarta, 5, o Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGeo) e o Núcleo de Extensão em Desenvolvimento Territorial (Nedet) promoveram o evento “Educação do Campo e Agricultura Familiar: Diálogos da Escola Família Agrícola de Anagé”. A iniciativa propiciou aos alunos, produtores, professores e acadêmicos um momento de compartilhamento de informações acerca da importância do modelo de Escola implantada no município.
De acordo com o professor Miro Conceição, membro do Núcleo de Extensão em Desenvolvimento Territorial (Nedet), o atual cenário da agricultura familiar se esbarra na dificuldade de manter o homem no campo devido à falta de tecnologias para facilitar seu trabalho. Segundo o ele, é importante entender que se deva preparar o aluno para vivenciar novas tecnologias, sendo elas de equipamentos ou de novos sistemas de produção que permitam produzir com menos desagaste físico.
Assim, a Universidade, ao se envolver em discussões sobre a educação do campo, com o desenvolvimento de tecnologias adaptadas e também com a formação dessas pessoas, “pode auxiliar o produtor a continuar na propriedade, diminuindo o êxodo rural, ajudando a melhorar a qualidade de vida da região e, também, melhorando os indicadores sociais”, comentou o professor.
Um dos organizadores do evento, Mateus Costa finalizou seus estudos na EFA, deu continuidade no curso de Geografia na Uesb e, hoje, é aluno do Mestrado em Geografia da Universidade. Para ele, tem sido extremamente importante retornar ao ambiente rural, contribuindo com conhecimentos adquiridos na vida acadêmica. “Todo conhecimento adquirido aqui e a identidade com o campo fortaleceram, ainda mais, meu sentimento de pertencimento e ajudaram a desenvolver pesquisas relacionadas à Agricultura Familiar, ao Espaço Rural, às Políticas Públicas direcionadas para esse espaço rural”, pontuou o discente.
A importância do aprendizado técnico sobre o sistema de produção já pode ser vislumbrado pela aluna do sétimo ano da EFA, Mirella Oliveira. “[A Escola] ensina como criar os animais, fazer as plantações, e eu levo muito isso pra minha vida pessoal, porque com o que aprendo, ajudo em minha casa com a horticultura, isso é muito importante para as famílias e para a comunidade”, comentou Mirella.
Dentro dessa perspectiva, a pró-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários (Proex), professora Gleide Pinheiro, reforçou a importância desse conhecimento. “O que eles aprendem aqui, na escolas, são técnicas que ajudam a melhorar a produção agroecológica. Então, que possamos ensinar, cada vez mais, aos nossos jovens, formas diferenciadas de produção de alimentos saudáveis que vão contribuir com a manutenção da nossa saúde”.