A Assessoria de Acesso, Permanência e Ações Afirmativas (AAPA), em parceria com a Pró-Reitoria de Graduação (Progad), realizou durante a primeira semana de aulas, nos campi de Itapetinga e Vitória da Conquista, a Semana de Integração. A ação, que ocorre semestralmente, se baseia em apresentar os novos discentes ao ambiente acadêmico.
Para a professora Selma Norberto Matos, assessora da AAPA, a Semana de Integração é fundamental para receber os alunos. Segundo ela, nesse momento, os ingressantes podem conhecer as políticas institucionais da Uesb, os aparelhos e suportes pedagógicos oferecidos pela Universidade, a fim de garantir que os ingressantes estejam bem-acolhido.
No campus de Vitória da Conquista, foram desenvolvidas diversas ações, entre elas a aula magna “Emancipação na Ciência: O Percurso de uma jovem pesquisadora”. O evento, que foi realizado nessa última quinta, 23, no Teatro Glauber Rocha, foi ministrada pela professora e astrofísica Eliade Ferreira Lima, da Universidade Federal do Pampa (Unipampa).
Em 2006, Eliade se formou em Licenciatura em Física pela Uesb. Treze anos depois, já pós-doutora em Astrofísica, ela retornou à sua antiga casa para falar um pouco da sua trajetória acadêmica para um público que acabou de ingressar no ambiente universitário, além de professores e familiares que acompanharam seu processo educacional. “Me sinto muito feliz e orgulhosa. A pergunta que me faço é onde eu estaria se eu não estivesse vivido a Uesb? Eu acredito que vivi a Uesb quatro anos, eu não estudei na Uesb quatro anos” contou entusiasmada.
Lugar de mulher também é na ciência – A área das Ciências Exatas é predominantemente composta por homens. Apesar das dificuldades em se inserir nesse campo de estudo, Eliade não desanimou em seguir seu sonho: ser especialista em Astrofísica. “Meu primeiro embate foi fora da Uesb. Aqui eu nunca encarei preconceito racial e de gênero, mas sabia que fazia parte de uma minoria. Ao sair de Vitória da Conquista, fui assediada pelo meu orientador. Estava em um ambiente que era incomum para mulheres e negras, fui obrigada a cancelar meus planos, tendo que abandonar minha especialização porque resolvi não me calar ao ser assediada”, relatou.
Mas, Eliade não parou e foi em busca de um doutorado em outra instituição e assim, segundo ela, conseguiu mostrar que tinha garra e preparo suficientes para superar as limitações impostas a ela por ser mulher. “É uma luta minha contra os assédios sexuais dentro das universidades. Meu maior desafio foi o assédio dentro das Ciências Exatas, eu tive que me reconstruir, me reencontrar. Depois de passar pelo processo de reconstrução, hoje consigo ajudar outras meninas a não passarem por isso”, destacou.
De acordo com a coordenadora do Colegiado de Física, Sandra Cristina Ramos, o retorno de Eliade à Universidade foi muito interessante, pois por meio dos seus relatos, foi possível mostrar para os novos alunos as possibilidades da vida acadêmica, apesar das dificuldades.“É muito importante ter Eliade conosco, ela que já estudou na Uesb e faz um trabalho muito importante que é levar ciência para meninas. Hoje, a realidade do nosso curso a nível de Brasil é que as meninas não alcançaram uma paridade em relação aos meninos. A história de Eliade traz um ânimo maior para levar a ciência para mulheres no ensino médio e na universidade”, declarou.