“Ela sempre cuida dos filhos, do esposo, dos pais, mas quando se trata da sua saúde, ela deixa em segundo plano”. A fala da coordenadora da 4ª Jornada de Ginecologia e Obstetrícia do Sudoeste da Bahia, Edney Matos, professora do curso de Medicina da Uesb, é um dos principais motivadores para apresentar à comunidade um panorama sobre a saúde da mulher na região de Vitória da Conquista.
Ainda de acordo a coordenadora, a ideia de tocar, principalmente, na importância da prevenção reduz o número de mortes de mulheres provocadas por doenças ginecológicas. “O câncer de mama e do cólo do útero, por exemplo, quando diagnosticadas inicialmente, a cura é de 100%”, defendeu Matos.
O evento, realizado nas últimas sexta, 25, e sábado, 26, contou com a participação de especialistas que contribuíram com estudos voltados também para a área epidemiológica. É o caso da palestrante Maria Tereza Morais, assessora técnica do Programa Estadual de Controle da IST/AIDS e Hepatites Virais. Ao apresentar dados estatísticos sobre a realidade epidemiológica, Morais pontuou também o crescente número de mulheres infectadas. Em 1986, a relação era de uma mulher infectada para 28 homens. Atualmente, a estatística é de uma mulher para dois homens, ou seja, epidemias cresceram mais entre as mulheres.
Ainda segundo a assessora, dentre os diversos motivos, a questão anatômica e cultural, as relações de gêneros e de dependência econômica se destacam. Assim, um trabalho voltado para a conscientização da importância da prevenção combinada vem sendo realizado nos últimos anos. “Hoje há um avanço no acesso à informação, no que tange a prevenção combinada. Além disso, uma forte atuação junto à equipe da atenção básica vem sendo realizada, pois são elas que estão diretamente lidando com as pessoas”, pontuou.
Avanços para a mulher na área da reprodução humana – Além das questões voltadas para a saúde, também foram abordados os avanços no que tangem a área da reprodução humana e o quanto isso impactou a vida da mulher. Conduzindo essa temática, o médico obstetra Joaquim Lopes trouxe para o momento o histórico da reprodução desde os primórdios até o atualidade, com questões como o congelamento de óvulo.
De acordo com o palestrante, se antes o que impulsionava o modo de exercer a sexualidade, na história da humanidade, era a reprodução, atualmente, com as mudanças na sociedade, esse paradigma vem mudando e, em especial, para as mulheres. “Antes, não se pensava em sexo sem reprodução após a menopausa, por exemplo, até porque as mulheres morriam antes”, esclareceu.
Lopes comentou ainda o quanto os avanços tecnológicos, como o uso de contraceptivos e congelamento de óvulos, podem contribuir com a liberdade de escolha, como o momento de ser mãe. “As mulheres, quando vamos analisar, atualmente recebem financeiramente menos que os homens. Então, para estabelecer sua vida plena, ela tem de viver o conflito com sua maternidade, pois ela tem um limite com sua data para procriar”, pontuou.