O consumo excessivo de açúcar contribui para o aumento da pressão arterial em crianças.
Durante muito tempo, a hipertensão foi considerada uma vilã exclusiva dos adultos. Mas essa realidade está mudando. Com os hábitos alimentares cada vez mais industrializados, as crianças também vêm desenvolvendo pressão alta antes mesmo da adolescência. Pensando nisso, uma pesquisa desenvolvida no curso de Medicina da Uesb, campus de Jequié, chama atenção para um tema ainda pouco explorado na saúde infantil: a hipertensão.
As conclusões são claras. De acordo com o pesquisador e estudante, Victor Souto, o consumo excessivo de açúcar, presente em alimentos como refrigerantes e sucos industrializados, contribui para o aumento da pressão arterial em crianças. Além disso, os resultados mostram um aumento no índice de massa corporal (IMC), nos níveis de glicemia e em marcadores inflamatórios no organismo. Em alguns casos, houve variações entre meninos e meninas ou entre diferentes faixas etárias.
“A infância é um período crítico para a formação de hábitos alimentares, e a ingestão exagerada de açúcares é comum e ultrapassa os limites recomendados pela OMS [Organização Mundial de Saúde]. Fatores como baixa renda, pouca orientação nutricional e ausência de acompanhamento adequado também agravam o risco”, explica Victor.
O pesquisador alerta para a importância da educação alimentar na infância.
Diante disso, o estudo reforça a importância da educação alimentar e da atuação integrada de escolas, famílias e profissionais de saúde. “A hipertensão em crianças, embora muitas vezes negligenciada, está aumentando e pode levar a outras doenças cardiovasculares e metabólicas na vida adulta”, destaca o pesquisador.
Sobre o trabalho – O estudo é do tipo “revisão integrativa”, ou seja, os pesquisadores reuniram e analisaram estudos já publicados sobre o tema. A busca foi realizada em artigos científicos em bases internacionais como PubMed, Lilacs e Scielo. Ao todo, 12 artigos foram selecionados com base em critérios específicos de qualidade e relevância, todos focados na relação entre o consumo de açúcares e alterações na pressão arterial infantil.
Finalizada em 2024, a pesquisa abre portas para novas investigações. A ideia é aprofundar o tema, com foco em realidades brasileiras e regionais, contribuindo para políticas públicas voltadas à alimentação saudável na infância e ajudando a reduzir o risco de doenças futuras.
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