Localizado na Praça Sá Barreto, em Vitória da Conquista, o prédio da Casa Padre Palmeira, também conhecido como “Ginásio do Padre”, é um patrimônio arquitetônico símbolo da história e memória educacional de Vitória da Conquista e região. O edifício foi construído no início da década 1920 por iniciativa da Igreja Católica Nossa Senhora das Vitórias e, depois de um século, continua à serviço da educação e da cultura.
Segundo o professor da Uesb, Ruy Medeiros, nas duas primeiras décadas de existência, o prédio abrigou a escola municipal e o Educandário Sertanejo do poeta Euclides Dantas. Mas, foi em 1939 que o edifício se tornou uma referência para a história da educação na cidade, quando a Igreja doou a propriedade ao Padre Luiz Soares Palmeiras, que instalou no local a primeira escola secundária da região, conhecida como Ginásio do Padre Palmeira.
“Antes da chegada do Ginásio quem concluía o curso primário e tinha condições financeiras para continuar os estudos, ia estudar em Jequié, Nazaré ou Salvador. Naquela época, fim da década de 1930, políticos, intelectuais e a igreja defendiam a vinda do Ginásio para a cidade. As expectativas eram grandes, principalmente para aqueles que não podiam sair para estudar fora”, conta a professora da Uesb, Ana Elizabeth.
Ana Palmira, também professora da Universidade, lembra que o Ginásio foi um centro propagador de conhecimento e formador da intelectualidade no sertão baiano. Diversos profissionais conquistenses estudaram no local, entre eles, professores que consolidaram as principais escolas públicas e as primeiras escolas privadas do município. Posteriormente, na década de 1960, a escola secundária foi fechada e o prédio passou a ser de responsabilidade da Diocese, que instalou ali o Colégio Diocesano. Mais tarde, o espaço continuou disponível à educação e à cultura, abrigando a Faculdade de Formação de Professores, da Uesb, e o Museu Padre Palmeira/Arquivo Municipal.
Dessa forma, para o professor Ruy Medeiros, mesmo diante do seu valor arquitetônico, o prédio tem, sobretudo, uma importância histórica. “Pessoas de vários lugares ainda o procura para mostrar a filhos e netos, orgulhosamente, o local onde estudaram. Afinal, era o único ginásio num grande raio de extensão e era privilégio estudar ali”, reforça.
Museu Pedagógico – Atualmente, o prédio do Ginásio é sede do “Museu Pedagógico da Uesb – Casa Padre Palmeira”, instalado em 1999 após um acordo feito entre a Universidade e a Diocese de Vitória da Conquista. Para abrigar o novo serviço, o edifício passou por processos de conservação, recuperação e manutenção.
Segundo Lívia Diana Magalhães, fundadora do MP, o Museu nasceu como um projeto de extensão com o objetivo de criar um “espaço para o estudo e pesquisa de fontes documentais, seu tratamento, musealização e disponibilização a todos aqueles que se interessam em pesquisar ou rever a história da educação e das ciências na região centro sul da Bahia”. Já para Ana Palmira, o espaço foi fundado a partir da concepção de museu, “enquanto lugar vivo e dinâmico mantido, sobretudo, pelo princípio interdisciplinar”.
Assim, o local contribui com o seu acervo documental, em variados formatos, e com a produção de saberes, articulando pesquisa, ensino e extensão. O Museu Pedagógico “alimenta a produção coletiva do conhecimento e possibilita ao público revisitar a história da educação escolar e não escolar, a produção acadêmica e a recuperação constante da história e da memória daqueles que passaram pela vida educacional”, afirma Lívia Diana.