A Inquisição, também conhecida como Santo Ofício, marcou a Era Moderna, período que compreende os séculos 15 a 18. Essa entidade foi responsável pelo julgamento e punição de pessoas que não seguiam as normas de conduta determinadas pela Igreja Católica. No campus de Vitória da Conquista, o Laboratório de Estudos, Documentação Inquisitorial e Sociedade de Antigo Regime (Ledisar), que desenvolve pesquisas sobre a temática, promoveu até essa quarta, 5, o seu 3º Ciclo de Apresentações.
“Em quase 300 anos de existência do chamado Santo Ofício Português, o tribunal produziu uma documentação extremamente vasta – são mais de 40 mil processos. No meio dessa documentação, nós temos condições de fazer justiça, de certa forma, a essas pessoas que foram esquecidas na história”, explicou a coordenadora do Ledisar e responsável pela realização do evento, professora Grayce Mayre Bonfim.
Para a docente, a diversidade de discussões presentes nas apresentações chamam a atenção para essa importância. “A documentação inquisitorial diz muito sobre a nossa história. Ela é importante não só para quem trabalha com a Inquisição. Por meio dessa documentação, nós temos contato com uma realidade bem diversa, as relações de poder, políticas, econômicas, religiosas, em toda a sociedade da Época Moderna”, considerou.
A professora lembrou ainda que os estudos sobre a inquisição portuguesa dizem muito sobre a história do Brasil. Embora no país não tenha sido estabelecido um tribunal, existiram movimentações voltadas para a condenação de brasileiros. “No caso da Bahia, são mais de 270 processados, além dos agentes que atuaram aqui, além das denúncias que saíram daqui, das correspondências entre inquisidores e agentes inquisitoriais. De fato, é uma quantidade considerável de documentação, é um manancial. Temos aí material para muitas pesquisas”, defendeu.
Participação discente – Os estudos contam com a dedicação de diferentes pesquisadores, como a licencianda em História, Viviane Rodrigues. Ela destaca a possibilidade de se debruçar sobre esses registros para que sejam feitas novas pesquisas na área: “é extremamente importante trabalhar com o uso dessas fontes para a construção da história”.
O 3º Ciclo de Apresentações do Ledisar foi marcado pela forte atuação dos discentes. “Desde a origem, o Ciclo envolve alunos. Se você for buscar a programação, vai ver que todas as pessoas que participaram têm uma ligação com a Universidade, todos eles são alunos ou egressos do curso de História. Esse evento não teria acontecido, da forma que aconteceu, se não fosse nossos colaboradores, nossos alunos”, comentou a professora.