Por trás de todo trabalho acadêmico, artigos científicos são protagonistas que desempenham papéis cruciais no avanço do conhecimento e na sociedade como um todo. Esses documentos, muitas vezes densos e repletos de questões técnicas, representam não só descobertas, mas também o resultado de um grande processo de pesquisas e investigações.
Para um pesquisador a publicação de um artigo é algo fundamental para que sua pesquisa tome notoriedade e possa ser debatida pela comunidade, e é por meio disso que a sociedade toma conhecimento do que está acontecendo nas ciências. Para o professor do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas (DFCH), Marcus Lima, “os artigos científicos na maioria das vezes são lidos por outros pesquisadores, professores e estudantes, já a divulgação científica é mais para atingir os leigos, os que não são especialistas naquela determinada área”. Para ele, é importante estabelecer a diferença entre o público de artigos científicos e o público da divulgação científica.
Embora existam modelos de como artigos científicos devem ser feitos, esses modelos não devem ser levados como regras absolutas. Basicamente, deve trazer o objeto da pesquisa, os métodos e as técnicas empregadas para analisar esse determinado objeto, a teoria que embasa a análise, resultados e referências bibliográficas. Esses elementos estruturam o artigo de forma organizada e lógica, facilitando a compreensão e avaliação, garantindo também a replicabilidade da pesquisa.
Os pesquisadores precisam divulgar artigos científicos para que sejam analisados por agências de fomento, que são as que oferecem auxílios financeiros para pesquisas, sendo avaliados pela quantidade e pela qualidade medida pelo Qualis (Sistema Brasileiro de Avaliação de Periódicos).
Um grande problema que circula a divulgação de artigos científicos é o fato de que as grandes revistas valorizadas por pesquisadores geralmente cobram caro para que um artigo possa vir a ser publicado, mesmo assim sem a garantia da publicação, e muitas vezes a divulgação tem que ser feita em inglês para que a pesquisa tenha um alcance maior. Segundo o professor Marcus, as agências de fomento e os baremas quando avaliam um pesquisador por um método quantitativo “procuram sempre publicar nos extratos mais altos, a pós-graduação, por exemplo, não aceita que seus pesquisadores publiquem em qualis menor que A4. Outra grande dificuldade é a demora para obter o retorno do artigo, às vezes demora 2 anos”, explica o professor.
Marcus aponta, ainda, que raramente essas revistas científicas aceitam trabalhos de alunos de graduação, que são, normalmente, os alunos vinculados à Iniciação Científica (IC). São eles que costumam escrever artigos para publicação, mas nada disso impede que esse aluno escreva um artigo e submeta para alguma revista.
Engajado em vários grupos de pesquisas como Grupo de Estudos e Pesquisas em Ensino e Conhecimento Científico (GEPECC) e Grupo de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade (GP-CTS), o doutor em Educação Científica e Formação de Professores, Pyerre Fernandes, afirma que “ao realizar uma publicação, geralmente feita num evento ou revista da área, ajudamos a fortalecer o senso de comunidade e nos é, também, possibilitada uma inserção mais efetiva nessas comunidades às quais cabe a chancela ou a refutação daquilo que foi submetido e divulgado entre o coletivo”, defende o pesquisador.
Pyerre também explica que os pesquisadores mais referendados em suas áreas são aqueles que mantém constância, produzindo boas pesquisas, publicando em boas revistas, sendo lidos e citados pelos colegas e assim, passam por um crescente reconhecimento.
O professor também afirma que ser pesquisador num país onde o fomento a essas atividades é baixo, é um ato revolucionário. “Leitura! A produção do conhecimento é um processo de continuidade, se eu não leio e não me insiro naquilo que já foi produzido, não tenho como contribuir para a continuidade desse processo de construção. E disciplina, a pesquisa é uma ação coordenada e sistemática, precisa ser levada a sério” orienta.
Um artigo científico é essencial para avançar na carreira acadêmica, abrindo portas para um possível mestrado ou doutorado, pois, a partir desse momento que o discente demonstra sua capacidade de pesquisa, contribuição ao conhecimento e habilidades de comunicação acadêmica. Além disso, publicações fortalecem o currículo, aumentam a visibilidade do pesquisador na comunidade científica e podem servir de ponte para colaborações e oportunidades de financiamento.