Já faz mais de um ano que as atividades presenciais não essenciais foram suspensas na Uesb, como medida preventiva à disseminação de Covid-19. As aulas da pós-graduação, no entanto, foram retomadas em abril de 2020, após provação da Resolução Consu 03/2020, que regulamenta esse período atípico na Universidade.
Para marcar o início do ano letivo de 2021 da pós-graduação, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PPG) promoveu, na quinta-feira, 25, a Aula Magna “Cenário de Pesquisa e Pós-Graduação no pós-pandemia”. A atividade foi ministrada pelo professor Francisco de Assis Mendonça, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Mendonça destacou os principais desafios enfrentados pelos programas de mestrado e doutorado no país neste momento de pandemia, elencando alguns pontos de reflexão, como a intensificação das atividades mediadas por tecnologia, que já eram utilizadas antes do atual cenário de distanciamento social. O professor enfatizou que esse modelo de ensino deve continuar no contexto pós-pandemia.
Contudo, o professor expôs sua preocupação com a qualidade do tripé Ensino, Pesquisa e Extensão e avaliou como a pesquisa realizada remotamente pode ser afetada. “O tripé está ameaçado neste momento, porque a pesquisa não consegue ser, com qualidade, desenvolvida de forma remota. A pesquisa que envolve o experimento, a pesquisa social com a população, não se faz em espaços exíguos e também não se faz sem a presença das pessoas”, pontou.
Em suas ponderações, o professor também salientou que a pesquisa, enquanto exercício da produção do conhecimento, sofreu e está sofrendo um impacto imenso no contexto da pandemia e vai sofrer na sequência. “É algo que a gente ainda não consegue vislumbrar. Mas eu sei, de antemão, que não vai lograr sucesso através de plataformas de intermediação das relações sujeito e objeto na pesquisa”, sublinhou Mendonça.
Experiência na Uesb – O professor Luiz Otávio de Magalhães, reitor da Uesb, ressaltou o caráter emergencial e temporário das ações remotas da pós-graduação da Universidade no período de pandemia. “A base do trabalho da educação e dentro da formação dos nossos graduandos e pós-graduandos é a interação. Não existe produção de conhecimento em situação de isolamento. Isolamento sempre vai ser uma questão emergencial. Mesmo nesse isolamento, nós procuramos garantir um mínimo de interação”, enfatizou.
O professor Robério Rodrigues, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Uesb, realçou a experiência adquirida com o Ensino Remoto Emergencial no ano de 2020, que deu suporte para a continuidade das atividades dos programas de pós-graduação e especializações oferecidas pela Universidade neste ano. “A pandemia nos coloca diante de um cenário difícil, de conciliar uma série de condições da sociedade, de forma de relações, que fazem com que a Universidade tenha que se repensar e se remodelar”, ressaltou.
O pró-reitor também lembrou a importância dos estudos científicos para a humanidade. “Nós estamos vivendo uma época em que temos que reafirmar a ciência e a sua importância para o desenvolvimento humano, por mais óbvio que possa parecer. Basta estudar um pouco a história da humanidade para ver que não houve avanço social, avanço de nenhuma ordem, sem a ciência por perto”, concluiu Rodrigues.