“Há uma vida possível da ponte pra lá”. Essa frase foi dita pelo professor monitor do Universidade para Todos (UPT), Wesley Santos, em uma de suas aulas do Projeto na cidade de Itiruçu (BA), em alusão à música “Da ponte pra cá” da banda de rap Racionais MC’s. Para Wesley, trazer a música para reflexão foi uma forma de mostrar aos alunos que, mesmo diante dos empecilhos econômicos e sociais, era possível, por meio do UPT, conseguir realizar o sonho de ingressar em uma universidade pública.
A certeza de Wesley partiu de sua própria experiência como menino da periferia de Itiruçu que sonhava em cursar uma universidade pública, mas não tinha condições de pagar um curso pré-vestibular. Após ser aluno do UPT, ele ingressou no curso de licenciatura em Matemática da Uesb com o desejo de transmitir, a outros jovens de baixa renda, a confiança que lhe foi depositada.
A experiência foi compartilhada com outros monitores, cursistas, professores especialistas, equipes de apoio pedagógico e coordenadores do Projeto das quatro Universidades Estaduais Baianas durante o evento “Diálogos Pedagógicos”, que aconteceu nos dias 15 e 16 de agosto, no campus de Vitória da Conquista. “Eu acredito no UPT por ver a necessidade que os alunos têm para além de conteúdo e por mostrar que tem alguém confiando neles, que deposita a sua confiança e que pode contribuir com a formação deles enquanto profissionais e cidadãos”, relatou Wesley.
O evento, organizado pela coordenação do UPT na região Sudoeste, objetivou socializar trajetórias e experiências vivenciadas no Projeto por meio de relatos de todos os envolvidos. A atividade contou ainda com a participação de representantes da Secretaria de Educação da Bahia e do Fundo de Combate à Pobreza. Para o coordenador do UPT na Uesb, professor Miro Conceição, “esse é um momento que podemos ver, na prática, o Projeto. Conseguimos ouvir cursistas, professores monitores, secretários, gestores, conhecer resultados, ver limitações e, assim, a gente vai aperfeiçoando o Projeto como um todo”.
Além de números – De acordo com o edital de inscrição do UPT 2019, ao todo, foram ofertadas 11.505 vagas para novos alunos, divididas entre os pólos das quatro universidades baianas. Só na região Sudoeste, que abrange os três campi da Uesb, foram ofertadas 1700 vagas, distribuídas em 28 municípios e atingindo seis territórios de identidade.
Para acompanhar mais de perto o Projeto e ir além dos números, esteve presente no evento, Silvana Café, representante da Secretaria de Educação da Bahia. “A vinda para a Uesb tem tido um significado muito grande pra nós que acompanhamos a execução do Projeto por meio das quatro universidades estaduais, no sentido de a gente compreender e estar mais perto do Projeto, ouvindo as pessoas que lidam diretamente com ele, na ponta e na execução. Essa vivência é importante para levarmos isso aos nossos gestores e dizer a eles a importância que isso tem na transformação das comunidades onde o Projeto acontece”, destacou.
Isaque Coimbra, representante do Fundo de Combate à Pobreza da Bahia, ressaltou que, dentro das mais de 90 ações financiadas pelo Fundo, o UPT chamou sua atenção pelo grande impacto na vida dos participantes. “Nos relatórios, sintetizamos um pouco dos projetos que a gente financia, isso tudo baseado em dados e números. Mas faltava o qualitativo que a gente não conseguia enxergar no papel, mas sim nos depoimentos, ao longo dessa aproximação com monitores e alunos. O UPT vem trazendo bons resultados, mudança de vidas e resultados no papel, que a gente vê pelo número de aprovações sempre crescente”, comemorou Coimbra.