A abordagem humanista de um dos questionamentos que permeiam a existência humana integrou a programação da “Jornada Transdisciplinar para uma civilização do bem-viver”, nessa quarta, 13, no campus de Vitória da Conquista. A Jornada acontece em encontros semanais até o próximo dia 27.
“Nós compreendemos a felicidade, através da Filosofia, como uma ação pautada no ser”, definiu o palestrante Romildo Chaves, servidor da Uesb e professor da Faculdade de Ciência e Tecnologia (FTC). O historiador explicou que os grandes pensadores da história da humanidade relacionaram a ideia de felicidade a uma atitude ativa, um sentimento de contemplação e de gratidão em relação à vida.
“No entanto, as pessoas, na atualidade, percebem a felicidade enquanto ter e elas atrelam a alegria em objetos externos, e não em si próprias. O que acaba acarretando, como fala o psicanalista humanista Erich From, um atrelamento da felicidade à perspectiva não presente no humano, mas pautada numa instrumentalidade. Isso efetivamente produz um adoecimento porque as pessoas se não têm, adoecem”, contextualizou o pesquisador.
Uma realidade potencializada pelo fluxo de informações e novos padrões de comunicação. “Há uma lógica nas mídias, no geral, de passar a ideia de que as pessoas devem esboçar felicidade o tempo todo, e, na verdade, isso é uma grande falácia. Os momentos de tristeza fazem parte da vida”. Nesse sentido, o professor deu a dica: “o vivenciar um momento de desalento, a pessoa pode olhar para aquela situação e se perguntar o que aquilo está ensinando. Esse seria o olhar adequado diante das vicissitudes da existência”.
Além disso, ele lembrou de algumas reflexões, sobretudo das propostas de pensadores. “Como Sócrates diz: é imprescindível que as pessoas possam conhecer a si mesmas. Essa é uma fala que eu entendo que é um fundamento da vida. Que o indivíduo se conheça, até para não direcionar sua vida numa lógica pautada em outra realidade, que é a realidade do ter”, concluiu.
A Jornada – Divulgar ações que demonstrem que uma nova realidade é possível. O coordenador do Laboratório Transdisciplinar de Estudos em Complexidade (Labtece), professor Carlos Alberto Pereira, explicou que foi a partir dessa proposta que surgiu o evento.
“Nós estamos vivendo um tempo paradoxal. De um lado, nós temos uma atmosfera marcada pela banalização do mal, culto à violência, racismo, xenofobia, preconceito de gênero, ânsia consumista, degradação ambiental, individualismo. Entretanto, ainda que essas coisas pareçam dominantes e majoritárias, nós temos um outro lado. Por isso a nossa Jornada dá conta da reflexão das positividades que estão em curso em várias partes do planeta, inclusive no Brasil”, comentou.
Para o professor, mais do que revelar iniciativas nesse sentido, o evento expressa uma Universidade atenta e ativa em sua realidade. “Fundamental que a Uesb entre na reflexão, fazendo o diagnóstico dos perigos reais que nós estamos vivendo”, destacou.
Mais do que isso, “é importante também que a Universidade revele e potencialize as iniciativas planetárias e locais que estão apontando no caminho de uma outra civilização. Uma outra civilização começa aqui e agora. Começa por ideias pertinentes e por experiências concretas que apontem para o bem-viver e a Uesb sempre se comprometeu com essa perspectiva. Ela nunca esteve alheia às demandas que são colocadas”, defendeu.