O distanciamento social é a medida mais eficaz para enfrentar a atual pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. E, para contribuir nesse sentido, foi idealizado o Tele Coronavírus, pela Fiocruz Bahia e Universidade Federal da Bahia (Ufba). A iniciativa oferece atendimento para triagem à distância de pessoas com sintomas da doença, como estratégia de redução do deslocamento de pacientes para unidades de saúde. Isso quer dizer, evitar a circulação de pessoas pelas cidades, reduzindo a transmissão e buscando impedir o colapso da rede de saúde.
O atendimento gratuito pelo número 155 está sendo realizado por, inicialmente, 480 estudantes voluntários do quinto e sexto ano de cursos de Medicina do estado da Bahia, entre eles, 86 alunos da Uesb, dos campi de Jequié e Vitória da Conquista. A médica Viviane Boaventura, pesquisadora da Fiocruz Bahia e integrante da equipe que coordena o projeto, explica que os estudantes receberam um treinamento por vídeoaula e, antes de iniciar as atividades, foram avaliados por um teste objetivo, com o intuito de checar a compreensão das instruções de triagem.
“A partir desse treinamento, [eles] estão aptos a iniciar as atividades. Todo o processo, desde o treinamento até o atendimento, é feito remotamente de forma a garantir a segurança física dos estudantes”, destacou.
Os voluntários foram divididos em grupos, que são supervisionados por um médico, e recebem as chamadas em casa, por meio do celular. Para o atendimento, o estudante conta com um aplicativo que registra os sintomas e auxilia na orientação e no protocolo de atendimento oficial, adotado pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e o Ministério da Saúde.
“O maior ganho será evitarmos a superlotação das unidades de saúde com casos leves em que a escuta cuidadosa alinhada à orientação correta garantirá que a população permaneça em isolamento social com monitoramento adequado”, defende a professora Kátia Cunha, que participa do grupo de coordenação da ação na Uesb. Ela reforça ainda que “para os estudantes, trata-se de oportunidade ímpar de aprendizado de enfrentamento de uma crise real, o que vai prepará-los melhor para os desafios da vida profissional após a graduação”.
A aluna do sexto ano de Medicina da Uesb, Raquel Grando, que está participando da experiência, conta sobre o contato direto com o médico orientador dos grupos, para esclarecer dúvidas, e a importante missão de auxiliar no distanciamento social. Ela ressalta que o projeto abriu espaço aos estudantes internos, que já têm desejo e bagagem para atuar.
“A gente também está correndo contra o tempo para poder impedir que a curva de contágio seja muito intensa. Esperamos que, no nosso estado, a gente consiga ter um controle efetivo e esperamos contribuir com isso”, anseia a futura médica.