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Quando se fala em anfíbios, logo se pensa em sapos, rãs e pererecas que são os mais populares, mas a classe está para além deles, salamandras e cobras cegas também são parte da espécie. O Brasil é reconhecido como o país com maior diversidade de anfíbios do mundo, ultrapassando 1.200 espécies registradas, muitas delas presentes em áreas classificadas como hotspots de biodiversidade. Essa riqueza, no entanto, convive com um elevado grau de ameaça, reforçando a necessidade de estudos e ações de conservação.
Foi nesse contexto que os pesquisadores da Uesb, Vívian Ferraz Gonçalves, Danilo Silva Ruas, Maria Lúcia Del-Grande, por anos, se dedicaram ao projeto intitulado “Guia de Anfíbios da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia campus Vitória da Conquista”. Servindo como ferramenta de estudo e pesquisa, o material contribui para a educação ambiental, na tentativa de reduzir o preconceito e a repulsa historicamente associados a sapos e rãs, por exemplo.
O guia traz pesquisas sobre a reprodução, conservação e registros das espécies presentes no Campus com informações morfológicas e comportamentais dos anfíbios da região. Além disso, de acordo com os pesquisadores, o estudo consiste em “uma ferramenta de auxílio para os trabalhos com anfíbios na região do Planalto da Conquista, e projeta-se como material de referência para quem deseja conhecer mais da fauna local”.
Rhinella diptycha anfíbio da Ordem AnuraSegundo o estudo, os anuros estão entre a classe de anfíbios mais numerosos, representando cerca de 88% das espécies conhecidas no mundo. É importante ressaltar que dentro de cada espécie há variedade de famílias e o Guia traz de maneira intuitiva com gráficos e imagens as informações de cada uma encontrada durante a pesquisa. No Brasil, a ordem Anura está presente nos mais diversos ambientes, incluindo florestas, áreas rurais e até regiões alteradas pela ação humana.
Os anfíbios de forma geral possuem pele fina e permeável, o que os torna dependentes de ambientes úmidos e sensíveis a mudanças ambientais. Essa característica também faz com que funcionem como importantes indicadores da saúde dos ecossistemas.
Apesar da grande variedade, o contato da população com alguns grupos é reduzido. As salamandras, da espécie Caudata, por exemplo, têm ocorrência quase exclusiva na Amazônia, e as cobras-cegas, da espécie Gymnophiona, costumam viver sob o solo, o que dificulta os estudos.
Na região, apenas uma espécie da Ordem Gymnophiona foi encontrada: a cobra cega ou Cecília. Com coloração acinzentada, anéis bem demarcados sob a pele e comprimento de até 45 centímetros, esses anfíbios conseguem abrir galerias subterrâneas com o próprio crânio.
Cobra Cega anfíbio da Ordem GymnophionaNo estudo, a reprodução dos animais também foi estudada e catalogada. Essa fase costuma ocorrer em períodos chuvosos, quando lagoas, poças e riachos se formam e se tornam locais para vocalização, corte e postura dos ovos. Em muitas espécies, os machos atraem as fêmeas por meio de vocalizações, produzidas por mecanismos específicos envolvendo pulmões e sacos vocais, mas as fêmeas também são capazes de vocalizar.
A pesquisa destaca a riqueza e importância dos anfíbios no Brasil, pois reconhecer e identificar essas espécies em seus ambientes é essencial para ações de preservação e valorização da biodiversidade local. “Ao valorizar esses animais, contribuímos também para a proteção dos ambientes onde vivem”, afirmam os autores.
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