No próximo dia 5 de agosto, a Uesb dá início ao semestre letivo 2019.1. Aproximadamente 1.300 alunos são esperados para começar um dos 38 cursos de graduação, ofertados pela Instituição, nesse primeiro período, em seus três campi.
A chegada desses novos alunos gera muita expectativa e ansiedade, afinal, com ingresso no Ensino Superior, é que muitos sonhos começam a se tornar realidade. No entanto, em muitos casos, o que deveria ser motivo de alegria pode se transformar em um grande trauma. Isso porque, infelizmente, ainda é comum receber os estudantes ingressantes com “trote”, ritual de passagem que, além de brincadeiras, na maiorias das vezes, inclui ofensas e agressões.
“Essa é uma prática inaceitável, proibida na Uesb desde 2008, quando foi publicada, pelo Conselho Superior Universitário (Consu), a Resolução 07/2008”, lembra o pró-reitor de Graduação, professor Reginaldo Pereira. De acordo com a Resolução, a prática de “trote” é entendida como toda e qualquer manifestação estudantil que configure agressão física, psicológica, moral ou outra forma de constrangimento ou coação aos discentes ingressantes.
Para o psicólogo Cássio Montalvão, coordenador do Espaço de Partilhas e Aprimoramento Humano (Epah) da Uesb, trote não combina com universidade, uma vez que a instituição é um espaço includente, e os atos negativos praticados na recepção de novos alunos causam exatamente o contrário, pois excluem. “A questão do trote precisa ser pensada com muito cuidado, porque, por vezes, esse ritual de passagem tem sido guiado de forma equivocada, intransigente, incoerente e inconsequente, a partir de comportamentos onde a violência física, moral e psicológica tem gerado agressão e humilhação [aos novos estudantes], quando, na verdade, eles merecem acolhimento com carinho e com respeito”, afirma o psicólogo.
Segundo Montalvão, as marcas do trote podem ser profundas e resultar em problemas sérios, como,”inclusive, em evasão universitária dado o tamanho do trauma”. Nesse sentido, o psicólogo defende a importância de uma recepção saudável, com ações que não provoquem nenhum dano à saúde mental dos ingressantes. “É infantil por parte daqueles que entendem que saudar os calouros por meio de zombeterias estão construindo uma tradição acadêmica. […] É tempo de começarmos a ter uma consciência mais ampliada e modificar o nível de recepção dos nosso calouros”, reforça.
Pensando nisso, a Uesb, vem, ao longo dos últimos anos, promovendo diversas atividades com o intuito de recepcionar bem os ingressantes. “Semestralmente, estamos realizando a campanha contra o trote na Instituição e consolidando a Semana de Integração, uma ação organizada pela Prograd, a Assessoria de Acesso e Permanência Estudantil e Ações Afirmativas, Assessorias Acadêmicas, Colegiados dos Cursos, Diretórios Centrais dos Estudantes e Centros Acadêmicos, que envolve toda a comunidade acadêmica dos três campi, com palestras, minicursos, visitas guiadas aos espaços da Uesb, atividades culturais, caminhada ecológica etc. O objetivo é promover o acolhimento de todos os estudantes ingressantes bem como a partilha de experiências com nossos estudantes veteranos” , comenta o professor Reginaldo Pereira.