“O tripé ensino, pesquisa e extensão não é só frase de efeito. A universidade pública tem um compromisso ético e científico com a produção do conhecimento, que tem que atender às demandas da própria comunidade e da população, de maneira geral”. Foi a partir dessa concepção que a Aula Magna da Semana de Integração 2018.2 abordou, nessa quarta, 21, “A Universidade Pública no atual contexto brasileiro”, no campus de Vitória da Conquista.
A definição é da professora do Departamento de História (DH), Maria Cristina Pina, que participou da atividade, juntamente com o professor Ruy Medeiros, do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas (DCSA). Em sua fala, ela pontuou o papel da universidade pública no contexto educacional.
“A universidade tem uma relação direta com a Educação Básica, principalmente a Uesb, que tem muitas opções de cursos de licenciatura. Formamos professores e formamos os profissionais que estão lá de maneira geral. Portanto, a universidade tem uma responsabilidade direta com o desenvolvimento e o próprio processo de melhoria da qualidade da educação”, reforçou.
Mercantilização da educação – O professor Ruy Medeiros lembrou os riscos trazidos por um contexto em que a educação se torna produto e fica à mercê do mercado que visa o lucro, sem levar em consideração a qualidade e o retorno para sociedade. “A educação hoje é contrato. Nós nunca imaginávamos que uma instituição privada de Ensino Superior pudesse ser negociada dentro da faixa de um bilhão, um bilhão e meio de reais”.
O docente explica que isso acontece porque tais instituições são negociadas a partir da potencialidade de crescimento e do número de matrículas. “Algumas se tornaram empresas bastante lucrativas e caras, em grande parte com dinheiro do Fies e do Prouni, um tipo de financiamento, portanto, indireto e subsídio ao mesmo tempo”, refletiu.
Para Medeiros, essa realidade está diretamente relacionada ao momento político e social do país. “Contrariamente ao período da década de 1980 até a primeira década do milênio, tivemos uma sociedade em que a preocupação democrática estava em primeiro plano, em que a Educação Superior de qualidade era um dos objetivos dos governos. Hoje nós temos uma situação em que a maioria dos partidos almejam comprimir as liberdades, transformar como algo ilícito os movimentos sociais e diminuir a presença do Estado na educação”.
O docente expressa sua preocupação: “Esse processo em que o Estado se ausenta da educação vem ocorrendo há muito tempo e agora tende a agravar. Nós sabemos que há mais ou menos 30 anos, nós tínhamos uma educação em que o setor privado ocupava menos de 20%. Hoje isso inverteu e essa inversão veio acompanhada da degradação da qualidade do Ensino Superior”.
Mesa de abertura
Falar da universidade pública vai além da gratuidade de pagamento. A capacidade de emancipação das pessoas e da transformação por meio do conhecimento e da convivência com a diversidade foi destacada pelo reitor da Uesb, professor Luiz Otávio de Magalhães, na mesa de abertura da Aula Magna. “O ambiente universitário pressupõe o diálogo sem amarras, sem preconceitos. A lógica da universidade é justamente a destruição de pré-conceitos. A universidade é um local de formação, não de afirmação ou reafirmação de certezas arraigadas”, concluiu.
A Semana de Integração segue até o próximo sábado, 24, nos três campi. Confira a programação em Itapetinga, Jequié e Vitória da Conquista.