Entender o papel do Estado na sociedade contemporânea. Essa foi a proposta da palestra “Capital e Estado de bem-estar: o caráter de classe das políticas públicas”, realizada nesta quinta-feira, 29, no campus de Vitória da Conquista. O evento, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Uesb (PPGeo), faz parte do projeto de extensão “Prosas Geográficas – Ano 4”, e contou com a presença do professor Sérgio Lessa, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), autor de um livro com mesmo título do evento.
A discussão ganhou forma a partir de um apanhado histórico e de como políticas públicas se desenvolveram com base em experiências europeias, a exemplo da Alemanha e França. Foram pontuadas causas, efeitos e contexto de processos históricos cruciais como a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, e de como a burguesia econômica e política e a classe operária se situavam nesse cenário. Lessa fez questão de alertar aos presentes que é preciso ter cautela ao associar elementos do passado, ao presente, e que se deve levar sempre em consideração o contexto histórico de cada situação.
Segundo o docente, a busca por uma sociedade mais justa é constante, e é preciso compreender em que medida o Estado serve de mediação para esse propósito, porém o termo “Estado de bem-estar social” é, para ele, uma função de propaganda, impossível de se concretizar.
“Nunca temos Estado de bem-estar social numa sociedade capitalista. Vivemos numa sociedade que está se desmanchando a olhos vistos. O modo de produção capitalista, pra ele reproduzir hoje, tem que produzir o oposto do bem-estar social. Tem mais gente se suicidado do que morrendo em guerra. As pessoas não aguentam mais viver, a depressão virou uma coisa generalizada”, ressaltou Lessa.
Para o professor Jânio Diniz, diretor do Departamento de Geografia da Uesb e coordenador do projeto “Prosas Geográficas”, a discussão interessa a toda a população e toca em questões que impactam diretamente no cotidiano. “A Universidade tem esse papel de discutir a situação da classe trabalhadora, no contexto de crise, e as questões cruciais que envolvem isso tudo, como moradia, trabalho, relação dos grandes grupos econômicos com o Estado, a questão da globalização e de como isso interfere na vida das pessoas”, concluiu Diniz.
Na ocasião, houve ainda o lançamento da tradução feita por Lessa do livro “Ontologia do Ser Social” e de outros livros do Coletivo Veredas, como “Ciência Marxista do Sujeito -Tomo I”, de Klaus Holzkamp.