Quebrando barreiras, desmistificando preconceitos e conectando o educando com suas raízes são as principais propostas da disciplina de “Capoeira” no curso de Educação Física do Programa de Formação de Professores (Parfor) na Uesb. No último sábado, 11, o curso encerrou a disciplina com um momento de discussão com os alunos e um batizado simbólico, realizado pela Ceta Capoeira.
Durante a vivência das aulas, os alunos puderam compreender a capoeira como manifestação cultural afro-brasileira, analisando seus condicionantes históricos e culturais a partir da resistência do povo negro, identificando os fundamentos da Capoeira Regional e da Capoeira Angola.
Convidado para participar da roda de conversa no encerramento, o Mestre Dendê, como é conhecido na comunidade, destacou a importância de levar esse conhecimento para a área da educação formal. “A capoeira é uma das maiores atividades de formação do indivíduo e, por ser um esporte barato, ele é muito próximo das comunidades que estão inseridas essas escolas. Praticar a capoeira é muito mais do que a pernada, envolve música, composição, artesanato, teatro e percussão. Então, ela é uma arte dentro de várias artes. Vejo a importância de inserir a capoeira dentro deste contexto da educação escolar na formação dos jovens até para quebrar os paradigmas que existem em torno dela”, pontuou.
Resistência e luta – É dessa forma que a professora da disciplina, Dayse de Sousa, mostra a relação que a capoeira possui nos espaços sociais, um esporte que ocupa o espaço de luta por sua aceitação. De acordo com Sousa, desde a década de 70, há um debate para a inserção da capoeira na educação, afinal, é um esporte genuinamente brasileiro que vem lutando para alcançar um destaque no cenário nacional. “A Uesb sai pioneira aqui na região por inserir, na grade curricular, essa disciplina. Fiquei muito feliz de ela estar nesse espaço de formação trazendo uma perspectiva diferenciada da leitura da importância da capoeira”, defendeu a professora.
Ao adquirir os conhecimentos que perpetuam a prática da capoeira no Brasil, o professor de Educação Física, Adelmiton Santos, que atua há 13 anos como educador, vê a necessidade de trabalhar essa disciplina, não só por fazer parte da história do país, como também para a formação dos alunos que fazem parte de uma população miscigenada. “Vejo que é mais um aperfeiçoamento para o esporte e quero dar continuidade na escola em que atuo. A ideia é fazer uma introdução à disciplina Capoeira com a parceria de mestres de capoeira”, disse.