Em virtude do aumento no custo das carnes tradicionalmente cosumidas pelos brasileiros, as carnes exóticas têm sido uma opção. É comum a associação de carnes exóticas a animais silvestres, no entanto, o professor Ronaldo Vasconcelos, coordenador do Laboratório Experimental de Avicultura, campus de Itapetinga, explica que tudo aquilo que não é de costume no consumo cotidiano, também, pode ser classificado como exótico.
Exemplo disso é a carne de pato, que apesar de ser um animal comum na região, criado, muitas vezes, de forma caipira, não faz parte, habitualmente, da dieta local. Buscando compreender essa questão, a zootecnista Priscila Coelho Galvão, egressa do curso de Zootecnia, campus de Itapetinga, realizou o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intitulado “A potencialidade dos produtos cárneos do pato Catolé (Cairina moschata)”.
“As pessoas criam, no mesmo quintal, o pato, o peru, a galinha e o cocá – que é a galinha d’angola. E elas consomem todos, usam todas essas aves na culinária, menos o pato. Quisemos entender o porquê disso e fazer com que consigam perceber o potencial que tem a carne de pato”, explicou Galvão.
Para a pesquisadora, considerando o momento de vulnerabilidade alimentar, em que o acesso à proteína está restrito por conta do aumento do custo, pesquisas como essa é de suma importância. “A carne de pato é uma opção viável e até bem mais barata do que as outras aves pela questão da rusticidade. É bem mais fácil mantê-lo e tem os mesmos cortes. Então, o que a gente fez foi apresentar mais uma opção para que as pessoas tenham no dia a dia em seus pratos”, frisou Galvão.
Como resultado da pesquisa, foram produzidos alguns alimentos como linguiça, hambúrguer, charque e o pato defumado. De acordo com Vasconcelos, orientador da pesquisa, estimular a diversificação da produção dos pequenos e médios produtores e disseminar a genética dos animais pesquisados na Universidade são os principais propósitos das pesquisas realizadas no Laboratório de Avicultura da Uesb.
“Aqui na Uesb, a gente desenvolve várias raças de galinhas, perus, patos. O objetivo é que essa genética, que pertence a Uesb, seja entregue para o pequeno e médio produtor, porque a gente pode mostrar que a avicultura não precisa, necessariamente, ser só industrial. Existe a outra avicultura, geradora de produtos que está muito dentro do nosso desejo de consumo. Isso agrega valor e pode ampliar o mercado”, destacou Vasconcelos.
Carne suína – Embora seja usualmente consumida, é possível elaborar produtos diferenciados com a carne de porco. Nessa perspectiva, Willians Santos Porto, egresso do curso de Zootecnia, produziu o TCC intitulado “Caracterização fenotípica de suínos da raça Pirapitinga (sus scrofa domesticus), da microrregião de Itapetinga”.
Um dos resultados da pesquisa foi a produção do presunto cru, alimento que já é produzido na Europa, a exemplo do tipo Parma e Pata Negra. Entretanto, o propósito da pesquisa foi identificar o parentesco entre os suínos ibéricos e o Pata Negra. “Dessa forma, a gente teria um grau de parentesco genético similar. Isso identificaria que poderíamos produzir o mesmo produto, porque os nossos animais são derivados da mesma árvore genealógica”, explicou Porto.
Além do presunto cru, estão em andamento testes com defumado pronto para o consumo e carne em lata. Para Porto, pesquisas como essa colaboram para que os pequenos produtores consigam diversificar e agregar valor a sua produção. “A gente precisa levar para esse pequeno produtor o potencial que ele tem para produzir e, assim, dar um novo olhar. Não podemos só enxergar o grande produtor como o nosso centro de mercado, mas o nicho de mercado está para a gente se adequar a ele”, pontuou.