Entender como a colonização dos séculos 15, 16 e 17 destruiu uma memória presente em tribos indígenas, substituindo pela memória cristã, é fruto de pesquisa apresentada em palestra no último sábado, 14. A mesa-redonda, intitulada “Educação e religião: a pedagogia jesuítica na América Portuguesa”, foi promovida pelo Programa de Memória, Linguagem e Sociedade e pelo Grupo de Pesquisa Fundamentos em Educação, do Museu Pedagógico.
De acordo com a organizadora da atividade, a professora Ana Palmira Bitencourt, o foco dos trabalhos apresentados foi mostrar que, por exemplo, o uso do teatro era uma forma de silenciar essas comunidades. Essa abordagem é resultado da pesquisa da professora Camila Nunes Duarte Silveira, da Faculdade Santo Agostinho, uma das palestrantes da ação. “Os jesuítas tiveram essa capacidade de mudar toda uma cultura transmigrando os elementos nativos para elementos cristãos. As figuras como Tupã, o Deus da Guerra sendo substituídas por Deus ou Jesus Cristo, os demônios que eram da mitologia tupi transmigrando para o cristianismo também estavam presentes nas apresentações”, pontuou.
Além da utilização do teatro, foi apresentada a análise, realizada pela professora Maria Cleidiane Oliveira de Almeida, do Instituto Federal da Bahia (Ifba), que consistia em uma cartilha escrita em língua Kiriri por um jesuíta, com o objetivo de evangelizar e catequizar os índios. “Os trabalhos apresentados é um recorte que reflete num todo, pois em toda a colonização do século 15, 16 e 17, aconteceu isso. Foram vários catecismos, missões, destruição da memória e de várias tribos, com doenças, extermínios, aprisionamento. Então, realmente, o tema é muito interessante”, disse a professora.