O ponto inicial do processo de produção de notícias é a checagem das informações. Só então, é possível prosseguir com a divulgação da mesma e informar, de forma ética e comprometida, o público. Pensando nisso e, sobretudo, entendendo a onda de disseminação de fake news e a proximidade das Eleições no Brasil, o curso de Jornalismo promoveu o curso “Fact-checking: como identificar notícias falsas nas eleições 2018”.
Realizado na última sexta, 25, o encontro discutiu, basicamente, uma ferramenta de checagem de notícias que já vem sendo trabalhada em diversos lugares do mundo. “O fact-checking é uma checagem mais apurada, específica, aprofundada. A essência do Jornalismo é a apuração, mas essa especialidade, que foi desenvolvida nos Estados Unidos e já está se espalhando pelo mundo, é você pegar determinada frase ou afirmação de uma pessoa e checar se aquilo é verdadeira, falso ou se está deturpado”, explicou a professora Carmen Carvalho, organizadora do curso.
A atividade reuniu não só alunos da graduação, como profissionais que já atuam na área do Jornalismo aqui na região Sudoeste. É o caso de Joana Rocha, jornalista e produtora de conteúdo da TV Uesb. “Estamos em um momento em que as pessoas estão muito preocupadas em estar noticiando, mas sem o cuidado da checagem da informação. O processo da produção exige essa checagem mais apurada. Eu costumo dizer que o jornalismo investigativo existe em todas as áreas, porque a gente tem que estar sempre com esse cuidado de checar as informações”, opinou.
Existem notícias falsas?
“Se é falsa, não é notícia, é uma informação falsa que está sendo divulgada”, deixou claro Carvalho. E foi essa discussão que iniciou o debate conduzido pelo jornalista Yuri Almeida, membro da LabCaos, um laboratório, em Salvador, que trabalha com dados, monitoramento, inteligência e verificação de notícias na internet.
Para ele, a mudança no perfil de consumo da informação com a crescente utilização das mídias sociais é algo que precisa ser olhado com atenção. “A internet e as mídias sociais têm um impacto muito forte. As pessoas tendem a consumir hoje mais conteúdos políticos/eleitorais nas mídias sociais do que na TV, no horário gratuito. E o debate acontece mais nesses ambientes virtuais”, apontou.
Almeida ressaltou também a importância do Jornalismo nesse processo, sobretudo pela proximidade das Eleições. “Com essa recente onda de ódio no Brasil, a expectativa é que aconteçam mais boatos, mais fake news, e aí o jornalista e o jornalismo em si vão ter um papel relevante para conseguir diferenciar aquilo que é verdade do que é mentira e ajudar a população a formar sua opinião sobre os atores políticos, o cenário político e a própria eleição de forma geral”, analisou.