Quais os principais desafios na relação entre as universidades públicas e o desenvolvimento da ciência no século 21? Foi em torno dessa pergunta que foi realizada, nessa quinta-feira, 22, a mesa de abertura da Semana de Integração Unificada 2020.2 da Uesb. Com transmissão virtual, pelo canal oficial da Uesb no YouTube, a discussão contou com a presença do professor Carlos Henrique de Carvalho, membro da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e presidente do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (Foprop).
Em sua fala, Carvalho destacou o crescimento do fazer científico no país nos últimos 15 ou 20 anos, devido a três grandes agências que dão sustentabilidade à produção: o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). “A Capes investe na formação de recursos humanos, o CNPq investe nos alunos de pós-graduação e graduação. Como nós estamos aqui, recepcionando os ingressantes 2020.2, é interessante destacar que essa geração que está compondo essa mesa hoje vai passar, mas as instituições vão ficar. Quem vai ficar e conduzir essas instituições são exatamente os alunos que hoje estão tomando o primeiro contato com esse ambiente universitário”, pontuou.
Considerando o cenário atual de muitas incertezas, inseguranças, impasses e desafios enfrentados pelas universidades públicas, sejam estaduais ou federais, o professor reforçou que é necessário preservar esse patrimônio. “Nós podemos resistir ao desmonte que acontece, mas a continuidade dessa resistência caberá a vocês que estão hoje ingressando numa universidade pública que desenvolve ciência”, completou o docente.
Em um outro momento, Carvalho fez um resgate histórico lembrando o crescimento no número de cursos de pós-graduação e, consequentemente, da produção científica recente, ressaltando: “foram os 20 anos de maiores condições para que se desenvolvesse pesquisa no Brasil”. Para o professor, o volume de pesquisas veio em resposta às demandas da esfera social. “Uma universidade pública existe porque ela tem que responder e retornar à sociedade, tornando-se um bem público a serviço da sociedade. Podemos citar o exemplo do SARS-CoV-2 (vírus causador da Covid-19), como demanda. Quem está dando resposta é exatamente as universidades”, esclareceu.
Na oportunidade, o tema das fake news também foi levantado pelo professor como outro desafio e algo que deve ser combatido. “Quando eu falo de ciência realizada por grupos de pesquisa, eu não estou falando de grupos de WhatsApp. Isso não é ciência. Ciência é o que desenvolvemos aqui e publicizamos pelos meios oficiais daquilo que nós queremos apresentar e prestar contas à sociedade”, alertou. Para tanto, o professor revelou que as universidades devem melhorar a comunicação com a sociedade para que a mesma não caia nas fake news. “Não é comunicar para enaltecer o papel da Universidade, é comunicar para prestar contas e demostrar os benefícios que o desenvolvimento da ciência propiciou e impacta na sociedade. Esse é o grande desafio que a ciência tem que colocar para um conjunto de defesas que nós temos que fazer”, defendeu.
Assista à mesa de abertura na íntegra
Boas-vindas – Na abertura, o reitor da Uesb, professor Luiz Otávio de Magalhães, começou saudando todos os estudantes de graduação da Universidade por ocasião do início do novo semestre, a entrada de novas turmas e o retorno dos alunos veteranos. “Quero desejar boas-vindas e bons trabalhos acadêmicos ao longo desse ano que resta de 2021”. O reitor destacou a importância da produção científica desenvolvida nas universidades públicas como uma ação que está, fundamentalmente, associada à produção de pesquisa. “A ideia é sempre tratar a pesquisa e o desenvolvimento da ciência nas universidades brasileiras de forma indissociável a outras atividades das universidades públicas. As universidades se caracterizam pelo desenvolvimento indissociável de pesquisa, ensino e extensão”, lembrou o gestor.
Além dos três pilares que fundamentam a Universidade, o reitor da Uesb defendeu acrescentar um quarto elemento para as atividades essenciais das instituições de ensino superior. “Precisamos da reafirmação dos valores da cidadania e da democracia como parte indissociável das ações universitárias. Hoje, as universidades estão incumbidas de garantir a permanência no debate público dos valores relacionados à inclusão, cidadania, emancipação e ao desenvolvimento a partir do conhecimento e da educação”, justificou.
A Semana – Com programação envolvendo a Pró-Reitoria de Graduação, a Assessoria de Acesso, Permanência Estudantil e Ações Afirmativas, os Colegiados de cursos, os Centros Acadêmicos e o Diretório Central dos Estudantes, a Semana de Integração Unificada busca apresentar o ambiente acadêmico aos novos alunos e promover o encontro entre as turmas, marcando assim o início do período letivo. Ao longo da semana, diferentes atividades foram realizadas para que os estudantes se sintam acolhidos, mesmo que de forma virtual, e tenham suas dúvidas esclarecidas quanto às ações desenvolvidas na Universidade. O evento encerra nesta sexta, 23, com uma programação cultural.