O professor Wesley Amaral encontrou nas mídias sociais um espaço para disseminar informações científicas e seguras na pandemia (Foto: Acervo pessoal)
Com o isolamento social, a internet, a televisão e o rádio, que já estavam presentes no dia a dia, de uma hora para a outra, se tornaram as únicas janelas para o mundo externo. Dessa forma, a qualidade da informação disseminada nesses meios é de extrema importância para a compreensão do contexto atual.
Sendo a Universidade um espaço de desenvolvimento e difusão de conhecimento, professores, pesquisadores, técnicos e estudantes se empenham, diariamente, na produção de conteúdo de relevância social. Em linguagem acessível a todos, a missão é fazer com que mais pessoas tenham acesso à informação responsável e com qualidade, além dos muros universitários.
Conectados nas mídias sociais, o @grupoespia, a @uesbfm e o @professorwesleyamaral estão no Instagram
Biologia nas mídias sociais – Esse é o caso do professor Wesley Amaral. Biólogo e mestre em Ciências Ambientais, o docente busca criar um diálogo mais próximo entre a Universidade e a Educação Básica, desde o seu ingresso na vida acadêmica. Percebendo nas mídias sociais um recurso para isso, Wesley começou um projeto de divulgação científica nesses espaços, como em seu canal do YouTube, onde expõe assuntos da área de maneira descomplicada e democrática.
Com a pandemia, um novo desafio surgiu para o biólogo, devido ao aparecimento e propagação de notícias falsas. Wesley, então, começou a desconstruir as famosas fake news em torno de temáticas da Biologia, por meio de vídeos didáticos e de linguagem simples, a fim de conscientizar a população sobre os perigos da desinformação. Para que a informação seja levada da melhor maneira possível, o professor passou a pesquisar sobre o funcionamento das diferentes mídias sociais, com o objetivo de adequar a linguagem utilizada em cada uma delas.
Wesley se alegra em dizer que, por meio do conteúdo produzido, pôde ter contato com pessoas que tomaram atitudes baseadas no conhecimento científico ali divulgado. “Mais do que nos alegrar, porque o nosso trabalho está dando certo, é, principalmente, nos alegrar que a informação está chegando a esse grupo de pessoas que, dificilmente, teria acesso a uma informação qualificada, e com um rosto próximo ao seu, com um sotaque próximo ao seu, com um tom de pele próximo ao seu”, destaca. O professor lembra também como esse ato leva conhecimento a lugares que a informação científica antes não alcançava. Ele diz, ainda, acreditar que o caminho da educação é adequar a linguagem de modo que o conteúdo seja claro para as mais diversas gerações e classes sociais.
Além de informações, o Grupo Espia promove oficinas voltadas para saúde e bem-estar (Imagem: Acervo do projeto)
Educação em Saúde – O professor Nilton César Nogueira Santos é outro aliado da Universidade quando o assunto é produção de conteúdo informativo e seguro. Docente do curso de Odontologia da Uesb, ele é também líder do Núcleo de Estudos e Pesquisas na Infância e Adolescência (Grupo Espia), que atua nas mídias sociais com publicações sobre Saúde Bucal e bem-estar.
Entre os assuntos abordados nos perfis do Grupo nas mídias sociais, estão o enfrentamento da violência infantojuvenil e práticas alternativas para a redução do estresse. Com a pandemia, o professor viu crescer a necessidade da produção desses conteúdos devido aos elevados níveis de ansiedade, notado, inclusive, nos próprios alunos da graduação. “Como a maioria dos professores e estudantes são de uma geração conectada full time, percebemos a necessidade de aproveitar as tecnologias para alcançar esse público”, explica.
Com isso, Nilton percebeu o crescimento do alcance do projeto, atingindo pessoas de outras áreas do conhecimento que tiveram contato com os conteúdos do Grupo. Uma das principais preocupações do professor é a adaptação da linguagem utilizada nos atendimentos clínicos e nas redes do Grupo Espia. Como muitas vezes o público-alvo é formado por crianças e pessoas com deficiência, as publicações precisam ser leves, informativas e lúdicas, de modo que a mensagem seja plenamente compreendida pelos receptores. “Num processo de educação em Saúde, é muito importante que o profissional perceba se sua mensagem está sendo compreendida, se ele está conseguindo utilizar dos mecanismos que dispõe para que essa mensagem seja passada de forma atrativa e simplificada”, declara.
Para ele, o uso das tecnologias como complemento do ensino é uma mudança permanente que a pandemia trouxe. Por isso, é preciso haver a preocupação com a qualidade e a empatia na comunicação produzida nas redes. “Enquanto formador, eu sempre digo: nós somos profissionais da Saúde, não da doença. Vamos pensar no bem, no positivo, sem perder o lado humano e a ética”, enfatiza Nilton.
A jornalista Aline Ferraz está a frente do “Roda de Conversa” na Uesb FM desde o surgimento do programa (Foto: Acervo pessoal)
Divulgação científica – O Jornalismo também precisou se reinventar e se empenhou em levar informação científica de maneira simplificada para a audiência. Aline Ferraz é jornalista, apresentadora e editora do programa Roda de Conversa da Uesb FM. O espaço discute temas diversos e, no período do isolamento social, focou em pautas relacionadas, especialmente, à ciência e à Covid-19. “É com informação séria e de qualidade que devemos informar o nosso ouvinte”, declara.
Aline conta, também, que se preocupa em trazer para o programa especialistas nos assuntos abordados em cada edição, para ter um olhar mais apurado de cada tema. O relacionamento com o ouvinte também é algo que a jornalista percebe na construção das pautas tratadas no programa, já que, segundo ela, os ouvintes participam, ativamente, sugerindo pautas.
Nesse período, alguns desafios precisaram ser enfrentados, como a redução das equipes de profissionais devido aos riscos de contágio pela Covid-19, além de ataques a jornalistas. Aline aponta que a função do Jornalismo em um momento como esse é de dar voz aos cientistas, já que é um período em que a ciência se tornou a principal ferramenta no processo de desconstrução de mitos.
Para a jornalista, a pandemia também impulsionou a desaceleração das rotinas e a reflexão sobre si mesmo, processo que nem sempre é fácil de ser conduzido. Com olhar para o amanhã, Aline acredita que a humanidade precisa refletir qual mundo quer construir para as próximas gerações e acha que dias melhores virão. “Sou uma pessoa otimista, sempre penso que pode ser melhor amanhã e, pra isso, precisamos ouvir melhor o outro, com empatia, assim, conseguiremos atravessar esse período com esperança”, diz.
Você pode conferir o bate-papo completo com os três convidados no sexto episódio do podcast “Com a Palavra – As vivências universitárias durante a pandemia”.