Em busca de caminhos para responder essa pergunta, o Grupo de Pesquisa Educação em Saúde, do Programa de Pós-Graduação em Ensino, realizou nos últimos dias 23 e 24, o 1º Encontro de Educação em Saúde, no campus de Vitória da Conquista. A ação foi voltada para professores da Educação Básica, alunos de Pedagogia e das licenciaturas, além dos mestrandos, e abordou o tema em diversas vertentes, como forma de compartilhar e discutir alternativas para tratar sobre a saúde nas escolas.
A proposta do Encontro surgiu a partir da demanda de estudos e pesquisas na área e do foco do Mestrado, que é a formação de professores. É o que explica a coordenadora do Grupo, professora Gabriele Marisco, que destacou ainda que a escola é um dos ambientes fundamentais para que sejam discutidos assuntos relacionados à saúde. “Nós também consideramos que trazer o professor da Educação Básica para a Universidade, colaborar com conteúdos que, às vezes, eles têm dificuldade de abordar na escola, atualizar assuntos, tudo isso é importante para o professor e para o futuro professor”, destacou.
A ação foi idealizada a partir do projeto “Vamos falar sobre HPV?”, da discente Winne Rocha. A experiência com a pesquisa mostrou que “a educação em saúde era muito voltada para o profissional de saúde e fazia falta dentro da escola. A partir disso, fomos propondo temas e propondo aos professores que mudassem a sua didática e que remodelassem a forma com que eles trabalham essa temática”, esclareceu a mestranda. O Encontro se mostrou uma oportunidade para dividir a experiência e trazer novas vivências em outras temáticas que também possam servir para os professores darem as aulas e para informar a comunidade em geral.
Ensino de Educação Sexual – Foi nessa perspectiva que aconteceu a palestra de abertura, conduzida pela professora do Departamento de Ciências Naturais (DCN), Simone Andrade Teixeira. Tratando da relação entre sexualidade e saúde, ela fundamentou a importância do diálogo franco e sincero sobre a temática nas escolas.
“O que a gente tem observado nas nossas vivências, na minha experiência em sala de aula, é que a sexualidade permeia todos os ambientes da escola, se manifesta desde pichações nos muros e banheiros, em filmes pornôs que os estudantes têm nos celulares. Isso, desde o Ensino Fundamental. Um corpo bonito que passa, uma menina que engravidou. Tudo isso suscita dúvidas e as pessoas querem esclarecimento sobre como a sexualidade funciona”, contextualizou.
Propondo um momento de troca de experiências, foram apresentadas perguntas de crianças e adolescentes sobre o assunto. Questões que vão desde “Como as pessoas se apaixonam?” ou “Pra quê serve o beijo?”, no caso dos mais novos, até dúvidas relacionadas à possibilidade do parceiro descobrir que a mulher não é mais virgem – sugerindo medos e normas sociais vigentes entre os adolescentes.
A pesquisadora indicou ainda filmes para contribuir com a construção didática dos professores. Ela defende que a privação da informação fere um direito fundamental de todo cidadão que é a educação, em especial no campo do exercício da sua sexualidade.
“Quando alguns direitos relativos à esfera da sexualidade são negados, isso pode, de alguma forma, repercutir na saúde das pessoas. Quando você não tem conhecimento sobre o próprio corpo, como o corpo funciona, como você pode expressar sua sexualidade de forma segura, você pode estar adotando atitudes que te colocam em vulnerabilidade em relação à saúde, à gravidez indesejada. A gente sabe de várias consequências que podem acontecer em decorrência do exercício inseguro da sexualidade”, concluiu.