Entre os dias 7 e 11 de dezembro, a Uesb recebeu o universo da arte no Festival Cultural de Cenas Curtas. Foram mais de 2500 participantes que tiveram acesso a toda programação das mais variadas temáticas. Questões raciais, de desigualdades social, de meio ambiente, de gênero, futebol feminino amador, papel da mídia, fotografias, comunidade LGBTQIA+ etc. fizeram parte das discussões do evento. Para o coordenador de Cultura da Uesb no campus de Vitória da Conquista, Sérgio D’Oliveira, as atividades “proporcionaram reflexões acerca do fazer cultura e de como as atividades artístico-culturais estão presentes no nosso dia a dia”.
Transmitido pela TV Uesb, o evento também contou com exibições simultâneas no canal da emissora no YouTube, tornando possível, assim, a participação de um público novo. “Com essa dimensão, tanto do número de participantes quanto do alcance, avaliamos como produtiva essa transmissão, pois estamos contribuindo com a difusão da cultura”, pontuou o professor Rubens Sampaio, assessor geral de Comunicação da Uesb.
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Dentre a multiplicidade de temas, uma das atividades foi a oficina “Elementos do audiovisual para ensino híbrido”. A ideia da oficina foi abordar uma necessidade que, atualmente, tem sido uma realidade frequente no ambiente acadêmico. Para Osmar Santos, professor do 6º ao 9º do Ensino Fundamental da rede municipal de ensino, ficou evidente o leque de possibilidades que existem para agregar no processo de produção de aulas, deixando-as mais lúdicas e atrativas. Segundo ele, com a oficina houve um “despertar para conhecer mais esses elementos, pois tivemos que nos adaptar muito rápido entre uma realidade e outra, inclusive seria interessante termos mais cursos sobre essa temática”, complementou.
Além dessa temática, também foram realizadas as oficinas de “Gingado afro”, “Herança cultural dos quilombos”, “Contação de histórias”, “África nas mãos” e “Construindo história através da imagem”.
De que forma os curtas trouxeram reflexões sobre aspectos que o mundo vem vivenciando?
Erick Gomes, estudante do 4º semestre do curso de Cinema e Audiovisual, foi um dos produtores audiovisuais que teve seu curta-metragem selecionado para o Festival. O documentário “Silenciamento da Mídia” gira em torno da violência contra jornalistas e os tipos de silenciamentos presentes na atuação desse campo, seja por ataques direcionados a profissionais de imprensa, veículos ou formas de silenciar assuntos ou abordagens de um fato.
Motivado pela vivência como jornalista de formação, sobre o que tem acompanhado, Gomes procurou refletir sobre o assunto no curta. “Com a pós-verdade e com a disseminação das fake news, vem acontecendo um descaso com essa categoria, uma tentativa de descredibilizar o trabalho jornalístico e, além disso, vejo também que esse silenciamento não é só contra o profissional, mas também ocorre um silenciamento de pautas, de assuntos que poderiam ser abordados”, pontuou o estudante.
E como a arte vem sendo discutida?
Uma das grandes preocupações no universo artítisco é conseguir sobreviver enquanto arte e continuar podendo oferecer para comunidade esse serviço relacionado à cultura. Essa percepção foi discutida durante a mesa-redonda “Artistas em resistência: desafios de sobrevivência”. Dentre os convidados, estavam Rosangela Colares, profissional de Dança no estado do Pará, que vem investigando como tem sido a realidade da dança na sua região, e Marcelo Sena, um dos produtores da Cia ETC, Companhia de Dança de Pernambuco.
Para Colares, há uma dificuldade na rede de apoio pra essa profissão, na qual, Sena também ressalta a falta de políticas públicas voltadas para a Dança. De acordo com Sena, é importante todos entenderem que “os trabalhos existem para servir uma comunidade. Então, se nas comunidades existem arte, é porque existe a necessidade do consumo. Existe uma necessidade da própria constituição enquanto identidade de um povo de se fortalecer. É importante que todos os governos pensem que seja importante um trabalho de alguém que auxilie nisso”.
A influência da Universidade na arte: assim defende Russo Passapusso
Para finalizar o evento, o Festival recebeu o compositor Russo Passapusso, da banda Baiana System, para um bate-papo. Um dos momentos marcantes foi o posicionamento do artista sobre a relação entre arte e Universidade. Segundo ele, dentro de um ambiente de Universidade, as diferenças e as minúcias causam grandes transformações.
O cantor revelou ainda que foi durante sua passagem pelo curso de Comunicação, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que Passapusso se construiu enquanto artista. “Essas identidades como verdades só acontecem dentro da Universidade, dentro de um ambiente de conhecimento vasto e é aí que você pode fazer sua escolha. É nesse lugar que você pode errar. É o conhecimento que liberta. Eu acredito que as pessoas vão se libertar acreditando em si mesmo, e isso também passa pelo conhecimento construído dentro da Universidade”, defendeu.
O 1º Festival Cultural de Cenas Curtas da Uesb foi idealizado e realizado pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Proex), pela Assessoria de Acesso, Permanência Estudantil e Ações Afirmativas (Aapa) e pela Assessoria de Comunicação (Ascom). Se você perdeu algum momento ou quer reassistir, as exibições dos curtas e as discussões realizadas durante o evento estão disponíveis no YouTube da TV Uesb.