O quanto a qualidade do trabalho do professor é afetada por questões políticas e sociais? Foi a partir desse questionamento que se baseou a discussão da roda de conversa realizada pelo Grupo de Estudos História, Trabalho e Educação (GEHTE), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade. A atividade aconteceu no Museu Pedagógico – Casa Padre Palmeira e contou com a participação da professora Denise Bessa, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Há mais de dez anos, a professora realiza pesquisas que envolvem o mundo do trabalho, o ensino superior e a educação brasileira à luz da Psicologia de Trabalho. Nesse sentido, em sua fala, Bessa fez um panorama da temática considerando o contexto nacional nos últimos anos, passando pela intensificação e precarização do trabalho docente a partir da influência da criação e vigência de leis que contribuíram para ampliação do Ensino Superior no país.
Segundo Bessa, falar de trabalho docente engloba discutir problemáticas que podem envolver o professor de instituições públicas e privadas, o professor da Educação Básica e do Ensino Superior. Apesar de algumas diferenças vivenciadas por cada realidade, algumas situações perpassam os profissionais de todos os níveis e de todas as esferas. “A dificuldade de valorização salarial e reconhecimento, a situação de uma política educacional que tem deixado o professor, cada vez mais, assoberbado de tarefas e também com muita cobrança de produtividade e os tipos de vínculo trabalhístico são algumas de uma série de situações impostas ao docente independente do nível ou da esfera em que atua”, destacou Bessa.
Para a professora Ana Elisabeth Alves, coordenadora do Grupo de Estudos História, Trabalho e Educação, a realidade enfrentada pelos docentes precisa ser discutida de forma mais aprofundada. “Vários são os problemas vivenciados pelos professores em seu dia a dia, como a perda de direitos desses profissionais decorrentes da mercantilização do ensino superior. Esses novos modos de gestão e organização do trabalho levaram à intensificação e ao controle das atividades. Então, é muito importante discutir essa temática a partir do ponto de vista histórico e sociológico”, comentou a coordenadora.