Cuidar da saúde mental deve ser uma ação tão importante e presente na vida das pessoas quanto o cuidado com o corpo. Infelizmente, a maioria ainda não pensa dessa forma e o cuidado com a saúde mental acaba sendo um tabu, posicionamento que se agrava quando há o desenvolvimento de doenças relacionadas.
Mas, afinal, o que é saúde mental? Conceito usado pela Psicologia, a saúde mental está relacionada com a forma como as pessoas vivem em harmonia com suas habilidades, ambições, competências emocionais, objetivos, ideais e outros elementos. De acordo com o modo que administramos tais elementos em nossas vidas, podemos identificar reações saudáveis ou nocivas em nossa saúde mental.
Daniel Drummond, professor do curso de Psicologia da Uesb, explica que todos têm dificuldades psicológicas. “A Psicologia não se destina só para quem está em um momento de crise ou para quem pode ser diagnosticado com algum transtorno mental. Todos podemos buscar maneiras de nos posicionar diante daquilo que estamos enfrentando”, pontua.
Uma pessoa que está bem mentalmente não deixa de sentir emoções, tais como tristeza, raiva, frustração e outras. Porém, ela consegue lidar com esses sentimentos de forma saudável, harmonizando os seus pensamentos e cumprindo com as suas obrigações no trabalho, em relacionamentos, na família, de amizade etc.
Drummond acredita que não há uma regra de como se pode cuidar da própria saúde mental. “Somos muito diferentes entre nós mesmos, mas, se pudermos pensar em algo, é tentar identificar o que nos move, o que nos faz agir como estamos agindo. Às vezes, não conseguimos mudar uma realidade objetiva que já está colocada, o que se pode mudar é a nossa posição. Vou ignorar ou vou buscar ajuda? Eu vou tomar uma decisão?”, reflete.
Ele alerta que quando não se decide também há uma opção pelo resultado da não decisão. “É impossível se eximir da responsabilidade diante da nossa vida. É até um ato de má fé ficar responsabilizando muitas coisas e ignorando que nós também temos uma posição – não a posição de transformar tudo, mas a posição de buscar ajuda ou, em certa medida, decidir o que vamos fazer com aquela experiência que estamos tendo diante da realidade”, avalia.
Terapia é para todos – A maioria das pessoas pensa que não precisa de terapia ou que é preciso estar com alguma doença mental para procurar um terapeuta. Esse é um equívoco comum e que precisa ser desmistificado. Drummond ressalta a importância de buscar ajuda profissional e destaca que o objetivo dos serviços de psicologia é ser uma presença mobilizadora que ajude a pessoa a se movimentar diante das questões que ela tem diante da própria vida.
Sobre o apoio a pessoas que estejam passando por algum momento difícil, o professor recomenda a conduta do não julgamento e do acolhimento. “É fundamental tentar entender a importância que aquilo tem para a pessoa que está dizendo e respeitar a forma que a pessoa quer lidar com aquela situação. Exercitar a empatia. O que ela está vivenciando? O que está se passando ali nesse mundo que ela habita? Por que que ela está sofrendo? Compreender que posições estão sendo tomadas e se essa conduta está ajudando ou não, mais do que fazer um julgamento moral ou religioso sobre o que o outro está fazendo e, preferencialmente, procurar ajuda profissional”, avalia.
Mantenha a atenção em si e, ao perceber que existem dificuldades em lidar com certas emoções e frustrações, não exite em buscar ajuda. Afinal, saber como cuidar da saúde mental e emocional garante melhor qualidade de vida, bem-estar e, também, longevidade.
Vale lembrar que na Uesb são ofertados atendimentos psicológicos gratuitos à comunidade em geral (Plantão Psicológico), aos alunos da Uesb (Psicologia em Link) e aos servidores. O cuidado com a saúde mental deve ser de setembro a setembro.