“Uberização do trabalho”. Termo contemporâneo usado para definir um estilo de trabalho mais informal, flexível e por demanda, que vem despontando em meio ao cenário de 13 milhões de desempregados no Brasil, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O termo foi usado pelo professor Valter Pires, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que, na última terça-feira, 24, iniciou o curso “Trabalho e Relações de Poder na Formação Social Brasileira”, no campus de Conquista.
O curso, que continuará até o mês de novembro, objetiva trazer várias abordagens dentro do mundo do trabalho a fim de “instrumentalizar os participantes que estão fazendo uma análise mais ampla a também fazerem uma análise conjuntural [sobre a temática]”, pontuou a professora Grayce Souza, coordenadora do evento e do Laboratório de Estudos, Documentação Inquisitorial e Sociedade de Antigo Regime (Ledisar). A iniciativa conta também com a parceria dos projetos de extensão Antigo Regime em Debate, Cinema e História e Leituras de História do Brasil Colônia.
Para chegar até a pulverização das relações de trabalho atualmente, o professor Valter Pires fez um retorno ao passado e relembrou períodos históricos nos quais o trabalho deixou de ser inerente à vida e se tornou objeto de apropriação. ”Portugal realizava procedimentos de exploração do trabalho, não só no seu território. Vindo para ilhas portuguesas, perceberam que existia uma população nativa, completamente afastada da condição já existente em Portugal, uma população vivendo ainda em estado de natureza, e os portugueses, já com sua experiência de mercantilismo e exploração do trabalho escravo, implementaram essa modalidade. O rei doa o patrimônio por meio de capitanias e sesmarias a seus vassalos portugueses para que não só protegesse sua terra, mas a explorasse”, exemplificou o docente.
O professor também trouxe para a discussão outro período importante para entender o trabalho e as relações sociais de poder: o início da industrialização no século 19. Nesse momento da história, imigrantes italianos, austríacos, entre outros, trabalhavam em um modelo servil, no qual moravam em propriedades rurais como meeiros (agricultor que trabalha em terras que pertencem a outra pessoa). Já os imigrantes, que partiram para áreas urbanizadas, seguiram para trabalhos industriais, com ideias que iriam incentivar uma organização de trabalhadores da classe operária.
Professor Valter Pires
Segundo o docente, os próximos módulos do curso vão tratar ainda de períodos decisivos para o mundo do trabalho, como a Era Vargas com a formalização e organização do trabalho e dos trabalhadores que culminou na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), na década de 1940. A próxima aula do curso será no dia 1º de outubro, das 17 às 19 horas, no auditório 1 do Módulo Antônio Luís (Luisão). O curso seguirá acontecendo durante as terças, até o dia 26 de novembro.
Mais detalhes sobre o curso podem ser obtidos com a organização pelo telefone (77) 3425-9315 ou pelo e-mail antigo.regime.dhuesb@gmail.com.