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Você já precisou tomar um fármaco com sabor desagradável? A experiência, sem dúvida, não é das melhores. Agora, imagine consumir antioxidantes em gomas mastigáveis, com textura e sabor agradáveis. Essa já é uma tendência crescente na indústria farmacêutica e de alimentos. Nesse contexto, se insere uma pesquisa desenvolvida na Uesb, cujo o foco é a extração de antioxidantes em frutos como tucumã-do-Amazonas e guaraná.
Os compostos extraídos dos frutos se destacam pela ação antioxidante, fundamental no combate aos radicais livres, que, em excesso, podem provocar envelhecimento precoce e contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas, como câncer e problemas cardiovasculares. Para ampliar as possibilidades de uso, a pesquisa aposta em estratégias de purificação e encapsulação.
Um dos diferenciais do trabalho está na aplicação de criogéis, tradicionalmente usados para purificação de proteínas e DNA, mas que, pela primeira vez, são utilizados em moléculas menores, como os fenólicos. “A inovação está na sua utilização para estes tipos de compostos, os quais nunca haviam sido purificados, justamente devido ao seu tamanho”, explica Charline Soares, pesquisadora e vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Alimentos (PPGCal), no campus de Itapetinga.

O estudo, intitulado “Compostos bioativos em resíduos de frutos amazônicos: extração por NADES, caracterização e aplicação na forma de complexos coacervados”, está sob a orientação da professora Renata Bonomo. O trabalho também conta com a co-orientação do professor Anderson Pereira, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Como foi realizado – Geralmente, para purificação e análise de compostos fenólicos, é utilizada a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC), considerada o “padrão ouro” por combinar alta precisão, sensibilidade e versatilidade. “Embora a HPLC seja o padrão ouro, não está isenta de desvantagens, como o custo dos equipamentos e reagentes, o tempo de análise para algumas separações complexas e a geração de resíduos de solventes que não são bons para o meio ambiente”, explica Charline.

No estudo, criogéis, antes usados apenas para purificação de proteínas e DNA, são aplicados pela primeira vez em moléculas menores.
Outro avanço importante é a encapsulação dos compostos fenólicos por coacervação complexa, que protege contra degradação causada por luz, calor ou pH dos alimentos, além de mascarar possíveis sabores amargos ou adstringentes. “A encapsulação de compostos fenólicos via coacervação complexa é uma estratégia muito promissora, pois protege contra a oxidação e melhora a solubilidade e a absorção no organismo”, acrescenta.
A aplicação prática desse processo pode resultar em alimentos funcionais, como gomas mastigáveis enriquecidas com antioxidantes, oferecendo um consumo mais acessível e atrativo para o público. Para Charline, o impacto vai além da inovação na indústria. “A transformação de resíduos de frutos amazônicos em extratos antioxidantes não é apenas uma forma de aproveitar subprodutos, mas uma estratégia para agregar valor aos alimentos e fortalecer a bioeconomia de maneira sustentável”.
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