“Por que estamos ensinando inglês?”. Esse foi um dos questionamentos feito pelo professor Kanavillil Rajagopalan, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na mesa-redonda “Language Education in Contemporary Times: challenges and opportunities”, que aconteceu na última sexta, 15, no campus de Vitória da Conquista.
O evento foi organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Letras: Cultura, Educação e Linguagens (PPGCel), com apoio do Centro de Aprendizagem Autônoma de Línguas Estrangeiras (Caale). Além da participação de Rajagopalan, a discussão contou com as contribuições dos professores Diógenes Cândido de Lima, do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários (Dell) da Uesb, e Sávio Siqueira, da Universidade Federal da Bahia.
Para Siqueira, o ensino de línguas deve ser pensado, hoje, não só como uma função utilitária, mas como instrumento que penetre os repertórios linguísticos das pessoas e as coloque como cidadãos no mundo. O docente ressalta ainda alguns dos desafios do ensino de idiomas na atualidade: “podermos formar professores que dominem a língua a ser ensinada; que tenham o aparato mínimo para ensinar aquela língua; e, principalmente, um professor que pense muito além do tradicionalismo da sala de aula”.
Compartilhando conhecimento – Nascido na periferia do mundo anglófono, ou seja, que tem o inglês como primeira língua, Rajagopalan frisou que isso dá a ele uma visão diferente do ensino de inglês, que outras pessoas que estão aprendendo inglês no Brasil talvez não tenham.
“O inglês deixou de ser uma mera língua. Isso traz uma série de questões de ordens políticas e geopolíticas. Mais do que nunca, precisamos abordar essa questão. Não é mais uma metodologia de como melhorar o ensino. As questões são mais amplas. Por que estamos ensinando inglês? Essas questões dizem respeito à cidadania e nosso lugar no mundo”, destacou o docente.
O professor Diógenes Cândido de Lima, idealizador do evento, destacou a importância do compartilhamento de experiências entre especialistas e discentes. “A língua inglesa é uma língua que pertence a todos, não tem dono. Pensando nisso, aproveitei a oportunidade que os professores estariam aqui para ministrar disciplinas no Mestrado e na Especialização e os convidei para fazermos essa mesa-redonda, e dar oportunidade aos alunos e a comunidade externa de ouvir especialistas da área. É uma oportunidade de estarmos compartilhando conhecimento”, finalizou.