“De onde eu vim não tinha nada, mas, nesse nada, tinha cultura”. É com essa frase de Antônio Pitanga que Maria Marighella abre a Semana de Integração da Uesb em seu diálogo realizado no último dia 22 de março, no Teatro Glauber Rocha. Abordar a importância da cultura e da arte na sociedade, trazendo os bens simbólicos que perpassam nessa relação, é uma das tarefas da Semana, que chega para recepcionar os novos alunos dos semestres letivos 2022.2 e 2023.1.

Entender-se como gente e com capacidade de ressurgir com a força de uma linguagem individual e cultural contribui com as emancipações de forma coletiva. De acordo com Marighella, o mundo hoje está em um processo de esgotamento de recursos naturais, por isso, é necessário considerar aspectos culturais como forma de regeneração. “É o modo como nós, coletivamente, podemos, quem sabe, propor um novo comum. Uma comunidade que vai pensar as hipóteses de um futuro em convivência, em harmonia, desorganizando os processos de exploração, violência e autoritarismo”, defendeu Marighella. 

Maria Marighella explana sobre a relação da cultura e o coletivo.

Trazer essas discussões são essenciais para o âmbito universitário, visto que, conforme pontuou a pró-reitora de Ações Afirmativas, Permanência e Assistência Estudantil (Proapa), Adriana Amorim, a existência da humanidade é pautada na linguagem, que é configurada no mundo do simbólico. Entender de que forma essas questões estão presentes no cotidiano são também representadas pela arte. “A arte foi colocada no lugar de decoração e fica parecendo que ela não é fundamental como as outras áreas, sendo que ela é sobre sermos humanos”, explicou Amorim.

A gestora complementou dizendo que, diante das destruições realizadas ao longo dos anos, da subjetividade, do pensamento livre, “é fundamental que a universidade participe da reconstrução dessa alfabetização simbólica, pois vivemos isso o tempo todo, desde quando assistimos um comercial na TV ou quando vemos um meme de internet, aquilo está repleto de sentido”, observou. Assim, o papel da universidade é entender esses fenômenos. Isso se dá, também, por meio da arte e da cultura, tanto por meio de apresentações artísticas quanto pelas discussões ou criação de cursos.

Abertura da Semana de Integração no campus de Jequié.

Arte e Educação – Diante disso, a professora Nadir Nóbrega, aposentada pela Universidade Federal de Alagoas (UFal), que fez a conferência de abertura no campus de Jequié, refletiu sobre as necessidades de inserir mais arte no âmbito acadêmico. De acordo com Nóbrega, trazer a questão da educação por meio desse viés contribui com a humanização da sociedade, pois as manifestações artísticas permitem uma ligação com o outro e com o mundo, isso no sentido mais amplo. Porém, na academia, é preciso enxergar que ela é desenvolvida em todos os momentos, mas nem sempre é validada nesse espaço.

Segundo a professora, a redução de carga horária, por exemplo, interfere na contribuição das formações desses atores e atrizes sociais, que são os próprios professores, alunos e outros profissionais, desse espaço. “Desde o porteiro até o diretor ou diretora, todos interferem na formação das pessoas e a arte, por mais que ela se esforce para demonstrar a capacidade dessas relações, os potenciais dos discentes, nem sempre os docentes percebem que ela está imbricada em todas as áreas”, afirmou. Os estudantes são ricos em potenciais artísticos que, quando estimulados, contribuem com uma melhor relação na sociedade. 

Isamara Mendes, egressa da Uesb, mostra a importância da Uesb em sua vida.

Nesse sentido, a participação dos jovens inseridos dentro de um contexto universitário, que também reflete essas questões,  é defendido por Isamara Mendes, cientista e egressa da Uesb, que realizou a abertura da Semana de Integração no campus de Itapetinga.  “A universidade, principalmente para a gente que vem de uma realidade mais humilde, é um novo mundo. Muita coisa a gente só descobre depois que entramos na universidade, principalmente quem é a primeira geração da família a ocupar esses espaços”, comentou Mendes. Foi dentro da Uesb que a jovem descobriu o que poderia ser, sonhos que passou a ter após essas vivências. 

A Semana de Integração da Uesb segue até a próxima sexta-feira, 24. Confira a programação completa.

Assista a abertura da Semana abaixo: