Jovens, adultos e idosos que não tiveram oportunidades e enxergam na educação a possibilidade de tecer novos caminhos em qualquer fase da vida. A partir da disciplina Educação de Pessoas Jovens e Adultas 2, alunos do quinto semestre de Pedagogia, campus de Vitória da Conquista, compartilharam histórias como essas, de estudantes de diferentes contextos educacionais, sociais e culturais. O resultado dessa vivência foi apresentado no “Seminário Foto(grafias): aprendizagem de pessoas jovens, adultas e idosas”, nessa terça, 17, no Teatro Glauber Rocha. Em um diálogo com diversas linguagens, as trajetórias desses alunos puderam ser conferidas na Exposição Fotográfica “Educação tecendo sentidos” e também nos círculos de cultura, com apresentações teatrais, musicais e de documentários, realizadas durante o Seminário.
Pela terceira vez à frente do projeto – que teve início no semestre 2016.2 -, o professor José Jackson dos Santos é responsável pela iniciativa juntamente com as mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Ensino, Paula Varlanes Morais e Dileide Matos do Nascimento. Ele explica que, nesta edição, a ideia da articulação com a exposição fotográfica surgiu a partir da perspectiva de inclusão, já que uma das alunas da disciplina é deficiente visual. Segundo o docente, a proposta é a de produção de livros que, neste semestre, contou com as versões em braile e audiobook. O contato dos futuros pedagogos com esses alunos da Educação Básica foi possível a partir da parceria com as Escolas Municipais Lycia Pedral e Helena Cristália Ferreira, que trouxeram seus alunos permitindo que eles pudessem se ver tanto na Exposição, quanto no Seminário.
“Para os estudantes de Pedagogia, eu percebo que é uma imersão no cotidiano dos alunos, porque eles os acompanham na casa, no trabalho, no comércio, na escola e fotografam esses diferentes momentos. Isso marca profundamente a formação desses graduandos daqui da Uesb. Eles também fazem uma entrevista em que buscam se aprofundar na trajetória de vida desses sujeitos, nos sonhos deles ao voltarem a estudar. Esse material é transformado em um livro, que geralmente é uma surpresa para os estudantes”, conta o professor. O trabalho dura cerca de seis a oito meses de acompanhamento, discussão e releitura.
De acordo com o professor, identificar os desafios das pessoas que voltam à escola para continuar os seus estudos também é uma vertente do projeto e objetivo dos graduandos em Pedagogia. “No fundo, é um processo de exclusão muito grande pelo qual essas pessoas passam ao longo da vida. Então, ao voltar a estudar, eles têm sonhos, como o de uma senhora que queria aprender espanhol ou de outro que queria tirar a carteira de identidade, a carteira de trabalho. Sonhos que, talvez, para nós, sejam pequenos, mas que, para eles, são profundamente significativos”, relata.
Para o estudante do quinto semestre de Pedagogia e um dos organizadores da Exposição, Bruno do Prado, a proposta de unir a grafia dessas pessoas com as fotografias foi uma forma de expressar a importância da educação de pessoas jovens e adultas, que trazem histórias marcantes e significantes. “Você observa em algumas falas pessoas que querem sair da escuridão através da leitura. Isso nos marcou e acredito que vai marcar toda a comunidade que veja a Exposição ou assista ao Seminário. A disciplina nos deu esse despertar e o interesse de trabalhar na educação de pessoas jovens e adultas”, concluiu.