Há construções sociais que caracterizam comportamentos de mulheres e homens. Ao mesmo tempo, também perpetuou-se a ideia de que o sujeito empreendedor possui, na sua essência, determinados atributos que, na maioria das vezes, estão diretamente ligados ao sexo masculino. Para desconstruir e desnaturalizar esses discursos universais que ainda são predominantes na sociedade, surge, em 2012, o projeto de pesquisa “Histórias recontadas: Mulheres Empreendedoras e suas Organizações em Vitória da Conquista”.
Coordenado pela professora Almiralva Gomes, vinculada ao Departamento de Ciências Sociais Aplicadas (DCSA), o projeto busca, a partir do estudo das relações de gênero, questionar esses conceitos, produzindo conhecimento acerca dos novos padrões identitários que estão presentes na sociedade atual. Assim, as pesquisas desenvolvidas analisam organizações com base na história de vida e nas experiências de mulheres empreendedoras. Nesse sentido, o projeto tem como proposta entender de que modo essas mulheres, que implantaram seu próprio negócio na cidade de Vitória da Conquista, são influenciadas pelo processo de socialização em suas trocas sociais.
Segundo a coordenadora, o projeto é executado a partir de um estudo que envolve pesquisa teórica e empírica. “Quando um novo bolsista de Iniciação Científica se integra ao projeto, ele, inicialmente, dedica-se ao estudo teórico através de uma revisão de literatura. À medida que conhece o estado da arte do tema, inicia-se, paulatinamente, a pesquisa de campo, por meio de entrevistas”, explica a professora.
Os resultados de estudos dirigidos a algumas empresárias conquistenses já geraram artigos que foram apresentados em eventos e publicados em periódicos. Depois disso, a pesquisa foi estendida para mulheres que atuam no serviço público federal, especificamente na Polícia Rodoviária Federal (PRF). Ainda segundo a professora, a próxima fase da pesquisa engloba a finalização da revisão de literatura e a produção de um ensaio teórico a partir da análise e tabulação dos dados das entrevistas realizadas com as mulheres da PRF, que serão, inclusive, comparadas com entrevistas dos patrulheiros da mesma organização.
A ideia é desenvolver mais artigos científicos para que sejam publicados em periódicos nacionais e internacionais, incentivando, assim, o debate sobre a forma como a caracterização de gênero molda comportamentos. Ao mesmo tempo, destaca como os fenômenos sociais, que cercam a realidade contemporânea, rompem paradigmas estruturados e os estereótipos de masculinidade e feminilidade.