Uma pesquisa em construção foi a proposta impulsionadora para a realização da comunicação transdisciplinar “Golpe, tortura e discurso no Brasil atual”, nesta quarta, 8, no campus de Vitória da Conquista. A ação foi promovida pelo Programa de Extensão “Cultura, Complexidade e Formação Transdisciplinar” e pelo Laboratório Transdisciplinar de Estudos em Complexidade (Labtece).
O historiador Antônio Sérgio Nery (foto), ministrante da atividade, conta que despertou o interesse histórico a partir do fluxo de acontecimentos atuais sobre o último processo de impeachment e a sua relação com a trajetória recente do país, especialmente o período da Ditadura Militar. Segundo ele, a proposta inicial não foi de construir uma pesquisa dentro do tema, e sim de juntar documentações e textos relacionados. No entanto, no decorrer do processo, Antônio Sérgio Nery percebeu a importância de se debater sobre a tortura dentro da sociedade e os elementos discursivos que compõem, historicamente, o que veio a ser tido como um golpe posteriormente.
Com essa perspectiva, o historiador apresentou o tema na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e, agora, trouxe a pesquisa para ser construída também na Uesb. “Hoje a gente está caminhando, mas é uma pesquisa ainda em andamento, não está finalizada, e, para mim, enquanto autor e pesquisador, essas rodas de conversa são interessantes para poder ver a opinião das pessoas que convergem ou divergem dentro da expectativa do que realmente está acontecendo no nosso país”, explicou.
Dentro do contexto de um estudo que está em construção, o historiador, que se graduou na Uesb, chamou a atenção para a importância de se valorizar a pesquisa dentro da Universidade e de se debruçar sobre a análise do momento atual: “é a história do tempo presente, como a gente costuma caracterizar dentro dessa história contemporânea. Fala-se muito que história é estudar o passado, fatos que ficaram lá para trás, mas é também uma forma de mostrar que é possível se estudar e se pesquisar em história, se falar do nosso tempo, para entendê-lo, associado ao passado, mas também para uma construção de futuro”.
Para Joaquim Novais, historiador que participou do encontro, só é possível o estudo do passado a partir do presente. “De qualquer modo, quando a gente investiga o que aconteceu em outros tempos, nós estamos imersos em nosso tempo, nas preocupações que temos. Então, já foi dito por um filósofo italiano: ‘toda história é história contemporânea’ e é importante estudar a história recente do Brasil para compreender o mundo que a gente vive”, refletiu.