Qual o lugar que a Sociologia, enquanto disciplina e área do conhecimento, ocupa na educação brasileira? Essa é uma das questões centrais que norteia os debates e reflexões do 1º Seminário de Ciências Sociais do Sudoeste da Bahia, que teve início nessa quarta-feira, 26, no campus de Vitória da Conquista. O evento é promovido pelo Centro Acadêmico do curso de Ciências Sociais da Uesb – Gestão Sertanejos da Ressaca, e reúne estudantes e professores da graduação e demais interessados em discutir o ensino de Sociologia e suas nuances, bem como a importância dos saberes críticos que a circundam para a formação educacional nos níveis médio e superior.
Uma das propostas do Seminário é refletir sobre a luta histórica pela permanência da disciplina no Ensino Médio, já que após permanecer por um breve período como obrigatória, a partir de junho de 2008, correu novamente o risco de ser excluída do currículo em 2016, diante da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), proposta com a Reforma do Ensino Médio. Uma mesa temática para discutir o assunto foi realizada durante o evento na tarde desta quinta-feira, 27. “A Sociologia é uma disciplina que, ao longo da história do Brasil, permaneceu por muito pouco tempo nos currículos escolares, e justamente por isso, existe ainda uma grande dificuldade das pessoas perceberem e valorizarem o seu ensino, que busca fazer com que o aluno pense sobre a sociedade em que ele vive”, destacou a estudante do curso de Ciências Sociais e integrante do Centro Acadêmico, Lays Lopes.
Apesar de voltar a ser considerada uma disciplina obrigatória no currículo, com a aprovação do texto-base da Reforma do Ensino Médio pelo Poder Legislativo, a Sociologia, assim como a disciplina de Filosofia, será ensinada de forma “diluída” ao longo dos três anos, sob a forma de “estudos e práticas”. “Foi uma grande conquista para nós termos a Sociologia inserida no currículo escolar, porém, é uma luta constante para que ela permaneça. E a gente vem passando por isso recentemente diante dessa nova BNCC”, complementou Lopes.
Para o professor do curso de Ciências Sociais da Uesb, José Ricardo Marques, que integrou a organização do evento, a Sociologia é uma disciplina base para a formação em diversas outras áreas, atuando também no sentido de relacionar diferentes matérias sob uma perspectiva crítica e interdisciplinar. Ainda segundo ele, as mudanças curriculares que vêm sendo impostas recentemente estão levando a um empobrecimento do ensino público, “não só em função de não termos mais as reflexões específicas que podem ser geradas por meio da Sociologia, mas pelo próprio papel que ela cumpre na relação construída com as outras áreas do conhecimento. Nós devemos estar cientes do que está acontecendo para que possamos aprofundar esse debate e lutar para que ela permaneça dentro dos currículos da Educação Básica”, disse.
O Seminário de Ciências Sociais, que acontece até esta sexta, 28, tem também o intuito de provocar entre os graduandos a reflexão sobre o papel do professor de Sociologia na educação escolar. Nesse sentido, a discente Lays Lopes destacou a importância dos alunos terem consciência de que ingressaram em um curso de licenciatura e que estão se formando como docentes, para assim, refletirem sobre a sua atuação como profissionais da educação. “É fundamental discutirmos a nossa profissão: O que vamos fazer quando concluirmos a graduação? Qual é a nossa função dentro da escola? E qual é a nossa responsabilidade enquanto educadores?”, indagou.