Paulo Freire, um dos educadores mais notáveis na história da Pedagogia e o patrono da educação brasileira, costumava dizer que “educação não transforma o mundo, educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”. Essa frase faz todo o sentido na vida de Lara Oliveira Sampaio. Filha de professores, ela teve a sua trajetória marcada pelo poder transformador da educação.
Uma das mais recentes conquistas foi a seleção pelo Chevening, programa de bolsas e pesquisa do Governo do Reino Unido. Com a aprovação, Lara vai estudar Direitos Humanos com recorte em gênero e segurança pública na Queen Mary University of London. Para se ter uma ideia do nível de concorrência, cerca de 64 mil pessoas de todo o mundo se inscrevem no processo seletivo – 1500 candidatos foram brasileiros – e apenas 50 foram selecionados. “Eu sempre quis essa bolsa. Ser contemplada foi uma grande realização pessoal. A realização de um sonho e um objetivo meu sendo atingido”, comemora.
Lara fez um longo percurso até conseguir realizar o sonho e destaca a importância da Universidade. “Entrei na Uesb em 2013, me formei em 2018 no curso de Direito. Queria viver a minha experiência acadêmica o máximo que eu pudesse, queria me engajar em quantas atividades eu pudesse porque eu sabia que seria muito importante para mim, na perspectiva profissional, ter experiências não somente dentro da sala de aula, mas também fora. Fui membro do Centro Acadêmico (CA). Estagiei no Tribunal de Justiça, no Núcleo de Defesa da Criança e do Adolescente, que é um projeto de extensão da Uesb, e no Ministério Público. Também fui parte da comissão que fundou a primeira revista científica do curso de Direito. E ainda consegui, pela Uesb, um intercâmbio. Tentei aproveitar ao máximo a minha graduação e foi maravilhoso porque a minha experiência na Uesb foi realmente transformadora”, lembra.
Lara acredita que a passagem pela universidade pública foi fator determinante para tudo que conquistou. “Estudar em uma universidade pública transformou a minha vida. Foi o que me colocou nesse caminho porque realmente cai o véu das desigualdades sociais, não só as que eu vivo, por exemplo, enquanto mulher, mas das pessoas que estão ao nosso redor. Tudo isso fica muito evidenciado”, pontua.
Doutorado Sanduíche – Náila Neves de Jesus, estudante do curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação Memória: Linguagem e Sociedade na Uesb, também teve a vida modificada pelos estudos. “Minha trajetória com a pesquisa se cruza sempre com o meu sonho de fazer mestrado. Costumo dizer que, na graduação, eu tinha a certeza de que queria fazer mestrado mesmo sem saber se conseguiria me formar”, lembra. Em 2018, veio a aprovação no Mestrado, onde começou a trabalhar com a temática de memória coletiva e percepções de mulheres trans e travestis aos serviços de saúde. “O doutorado veio após a minha qualificação, em 2020, quando a banca examinadora me indicou para terminar meus estudos no nível de doutorado, por entender que meu trabalho tinha todos os elementos para ser uma tese”, conta a pesquisadora ao lembrar sua trajetória no Programa da Uesb.
Neste ano, Náila foi aprovada no Programa de Doutorado-sanduíche no Exterior (PDSE) e estará na Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, de setembro a dezembro. “Quando recebi essa confirmação, fiquei tão feliz. Desde quando comecei na pós-graduação, uma das minhas metas era justamente passar numa seleção de doutorado sanduíche para ter a oportunidade de estudar fora e enriquecer meu currículo, ter outras visões para explorar o meu objeto de pesquisa, criar redes de conexão e viver essa experiência de estar em contato com outra cultura e com diversas pessoas de outros lugares, promovendo assim intercâmbio cultural e de conhecimento”, compartilha.
Novas oportunidades – Marcos Paulo Gonçalves de Rezende também teve a educação como norteadora do seu percurso. Em sua trajetória, o biólogo chegou à Uesb para realização do Doutorado em Zootecnia, em 2015. Durante o período em que esteve no Programa, Marcos realizou parte da sua formação na Universidade de Firenze, na Itália, em parceria com Associação Nacional Italiana da raça Limousine e Charolesa.
Ele destaca a importância da pesquisa em todo o período de estudo nas universidades. “Participei de vários projetos de pesquisa, ensino e extensão, sendo bolsista CNPq. Importante destacar que as primeiras pesquisas, juntamente com colegas, foram projetos independentes, fato importante para um pesquisador que é a iniciativa. Todo financiamento partia de uma ‘vaquinha’, em que cada um contribuía com um valor que podia. Com este recurso financeiro, iniciamos estudos que geraram os primeiros trabalhos científicos publicados, até mesmo prêmios. Posteriormente, iniciei a trajetória de participação em grupos de pesquisas oficiais, já com financiamento da Capes”, explica.
Marcos salienta que o período fora do país, no doutorado sanduíche, foi um fator importante na formação. “A oportunidade de estudar na Itália foi a ponte para deslanchar no conhecimento dentro do setor de melhoramento genético (novas técnicas) e, principalmente, por conhecer um pouco mais da produção animal em um país europeu. Foi um período de grande aprendizagem e produção científica. Isso serviu como suporte para uma oportunidade de fazer parte, como geneticista, da equipe da maior Companhia de bovinos de corte italiana. Antes mesmo de finalizar o doutorado, eu já estava contratado por essa empresa”, relata.
Até momento, Marcos já teve 60 artigos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais, três capítulos de livros, além de dezenas de outras publicações em congressos nacionais e internacionais. “Desde o ano de entrada na Uesb até o momento de saída, foram publicados 34 artigos, o que reflete toda a importância e grande suporte da Universidade no incentivo a pesquisas científicas. Espero continuar seguindo dentro da pesquisa como geneticista, no setor do melhoramento genético”, pontua o pesquisador, que ainda deixa um conselho aos futuros interessados na área científica: “incentivo todos a enxergar, também, possibilidades fora do Brasil. Uma experiência desse tipo contribui muito para concretizar a formação técnica profissional”, conclui.