A prática regular de atividades físicas é essencial para a promoção da saúde dos idosos, abrangendo aspectos físicos e mentais. Uma pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Educação Física Uesb/Uesc (PPGEF) analisou a eficácia de um programa de atividades físicas multicomponentes nos sintomas depressivos em idosos, além de ressaltar a importância de políticas públicas que incentivem a atividade física no Sistema Único de Saúde (SUS).
A pesquisadora Ariani França explica que durante a pesquisa foram escolhidos os participantes que não haviam sido diagnosticados com COVID-19 nos últimos três meses e estavam completamente vacinados. “Selecionamos idosos fisicamente independentes, acima de 60 anos e com função cognitiva preservada”, explica Ariani. O estudo utilizou a Escala de Depressão Geriátrica (GDS-15), ferramenta validada no Brasil, para mensurar os sintomas depressivos antes e após a intervenção.
A escala consiste em 15 questões simples, com respostas sim ou não, e aqueles que pontuaram maior ou igual que 5 foram classificados com sintomas depressivos. “Embora tenha havido uma redução nos sintomas, as diferenças não foram estatisticamente significativas. As médias dos sintomas estavam em condição de normalidade no período pré-intervenção”, relata a pesquisadora.
Ariani enfatiza que a prática regular de atividades físicas atua como um tratamento não farmacológico, prevenindo o surgimento de sintomas depressivos, melhorando a capacidade funcional e reduzindo o risco de demência. Ela destaca relatos positivos dos participantes sobre o impacto do programa em suas vidas, como melhorias no sono, na socialização e menor necessidade de medicação.
O professor Saulo Vasconcelos, orientador do estudo, acrescentou que o objetivo foi avaliar a eficácia desses programas com uma abordagem sustentável. “Trabalhamos com espaços verdes e materiais recicláveis, promovendo não apenas a saúde física, mas também a consciência ambiental”, comenta. Ele também mencionou a rede internacional de pesquisa Sustentaí, que desenvolve programas que unem exercícios físicos aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), testando esses modelos globalmente.
Para implementar programas eficazes no SUS é fundamental uma articulação entre políticas públicas de saúde e a infraestrutura adequada. “A contratação de profissionais de educação física e o investimento na formação continuada, especialmente em universidades públicas, são essenciais”, conclui Vasconcelos.
Para auxiliar nessa articulação, os núcleos de apoio à saúde da família, anteriormente desmobilizados, estão sendo reativados sob o nome de Estratégia de Mobilização e Unificação de Laboratórios de Terapia (Emult), com potencial para incluir profissionais de Educação Física. No entanto, a simples criação de estruturas físicas não é suficiente. “É fundamental articular as políticas públicas, como academias de saúde e a Estratégia de Saúde da Família. Sem essa articulação, as políticas não se tornam efetivas”, alertou ele.
De acordo com Ariani, a mensagem principal da pesquisa é clara: “Promover a atividade física para idosos, especialmente no contexto da saúde pública, é essencial. Mesmo sem resultados estatisticamente significativos, a ausência de agravamento dos sintomas já é um indicador positivo.” A pesquisa evidencia a urgência de investir em programas de atividade física voltados para a população idosa, não apenas pelos benefícios à saúde mental, mas também pelo impacto positivo na interação social e na qualidade de vida.
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