Segundo a Organização Mundial da Saúde, a infertilidade é um problema que afeta 17,5% da população mundial, o que representa uma a cada seis pessoas, tanto homens como mulheres. Hormônios, genética, tabagismo, abuso de álcool ou drogas e esteróides anabolizantes são alguns dos fatores que contribuem para o desenvolvimento do problema.
Nas mulheres, várias questões podem afetar a capacidade de conceber, incluindo o processo de ovulação, o útero e infecções. Mas você sabia que o estresse pode ser também um dos fatores da infertilidade feminina? Foi o que constatou Laís de Jesus, estudante de Enfermagem, campus de Jequié, que realizou uma pesquisa a respeito da influência do estresse na infertilidade feminina entre enfermeiras de um hospital público no interior da Bahia, que atuam na Urgência e Emergência.
Pesquisou em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) a respeito da influência do estresse na infertilidade feminina entre enfermeiras de um hospital. Na pesquisa foram entrevistadas oito enfermeiras, que atuam na urgência e emergência. Segundo Laís, o intuito do estudo foi saber como essas mulheres conseguem relacionar a vida profissional com a vida pessoal. Além disso, buscou identificar o estresse como um possível fator da infertilidade feminina. “Eu queria saber como elas conseguem lidar com toda essa rotina estressante, que é a unidade hospitalar onde surgem eventos inesperados, e como aquele local, de extrema pressão, impacta na saúde reprodutiva delas”, conta.
A pesquisadora explica que é necessário compreender que o estresse tem a capacidade de alterar todos os sentidos do corpo, desde a parte fisiológica até a parte psíquica. Assim, a infertilidade pode estar associada ao estresse e a outros eventos. O estudo também aponta que as profissionais que participaram do estudo também apresentam outras questões que podem contribuir no desenvolvimento da infertilidade.
De acordo com a estudante, a ausência de qualidade de vida vivenciada por essas profissionais podem impactar na vida reprodutiva. “Muitas vezes, elas não dormem direito ou não se alimentam bem, não praticam atividades físicas, às vezes apresentam uma redução nas relações sexuais com seu parceiro. Também pode ter a questão do deslocamento, por morar em uma cidade e trabalhar em outra, entre outras atividades profissionais e domésticas”, relata.
Leandra Eugênia de Oliveira, orientadora do estudo, afirma que a pesquisa desperta a atenção para um aspecto muito relevante da saúde reprodutiva humana. “Ao entrevistar enfermeiras que atuam no serviço de Urgência e Emergência de um hospital público, foi possível perceber que a infertilidade feminina não está relacionada apenas ao estresse, mas a um conjunto de fatores associados à maneira como a mulher encontra-se inserida no âmbito profissional e pessoal e que podem favorecer a ocorrência de infertilidade feminina”, justifica.
O estudo segue para uma segunda fase, onde irá medir a escala de nível e a percepção do estresse pelas enfermeiras. Por meio de novos questionários, Laís irá trabalhar com a escala de estresse percebido e avançar na análise da temática.