“A universidade é diversa, laica, gratuita, inclusiva e plural”. Foi com essa perspectiva, que o Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGed) realizou, na última sexta, 29, a palestra “Universidade Pública e Diversidade: desafios em tempos de retrocessos”.
A fala é da professora do Programa e coordenadora da atividade, Dinalva Macedo. Para ela, o encontro representou uma oportunidade valiosa para “repensar o papel da universidade nesse momento em que estamos vivendo. Pois a universidade pública, gratuita e de qualidade deve ser para todos e todas, e percebê-la na perspectiva da diversidade é muito importante”, defendeu.
A palestra contou com a parceria da Pró-reitoria de Graduação (Prograd). O pró-reitor da área, professor Reginaldo Pereira, destacou a importância de que espaços como esse atuem como trincheiras de resistência. Ele explicou que o apoio ao evento partiu da compreensão de que esse é um debate pro espaço público e de que a universidade tem que abrir a porta e acolher toda essa diversidade.
“A gente sabe que a universidade e a educação pública estão sofrendo vários ataques, como fake news e movimentos que envolvem a participação de grupos radicais organizados. Então é um momento que a gente entende que a universidade precisa dialogar com a sociedade, precisa afirmar a diversidade”, ressaltou o pró-reitor. Nesse sentido, ele lembrou que a função da universidade vai além do conhecimento, e atua para fomentar o pensamento crítico.
Universidade e diversidade – “Essa é uma relação complexa e tensa, principalmente nos tempos em que nós estamos, com a democracia em risco. Eu quero enfatizar que, por mais complexa que seja, essa é a relação que a universidade pública tem que estabelecer e consolidar no século 21”, sintetizou a responsável pela palestra, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Nilma Lino Gomes.
Na bagagem, a docente trouxe sua experiência e militância como ex-ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República e posteriormente à frente do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. Nilma Lino Gomes também foi a primeira mulher negra a ocupar o cargo mais importante de uma universidade federal no Brasil, ao se tornar reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira, em 2013.
Ela explicou sobre a história de longa duração de ausências, negação, opressão e de violência naturalizada e defendeu que “não dá mais para voltar atrás porque hoje os chamados sujeitos diversos, tratados historicamente como desiguais, estão dentro da universidade por direito”.
A professora contou como a experiência pessoal e política contribuiu para a reflexão teórica. “Muito do que eu vivi na gestão da Igualdade Racial, hoje teorizo e tento compreendê-la também no campo do conhecimento, em uma dimensão epistemológica. Entendendo que construir conhecimento na universidade, na educação básica, não é um ato só cognitivo, mas um ato que envolve todos os sentidos e sensações do corpo, e principalmente, é um ato político”, concluiu.