“As pessoas acham que para falar sobre Feminismo são as mulheres que vão se reunir para discutir suas condições. As mulheres sabem como elas são tratadas, conhecem as condições de opressão em que elas são submetidas. Quem não sabe, ou às vezes, não percebe, são os homens”. A fala da professora Sofia Manzano, durante o “Curso de Formação Feminista Classista”, foi uma reflexão acerca da presença massiva e necessária de homens no evento, na noite da última quarta-feira, 11. Manzano completou o raciocínio reafirmando a importância de “todos e todas participarem conjuntamente dessas formações, para compreenderem o lugar do outro, como a mulher é vista e como ela é oprimida na sociedade”.
O curso, coordenado pelo Laboratório de Estudos Marxistas da Uesb (Lemarx) em parceria com o Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, teve início no dia 4 de setembro, com a temática: “O que é ser Feminista”. Dessa vez, a discussão girou em torno da “Divisão Sexual do Trabalho e a Reestruturação Produtiva do Capital” e foi ministrada por Manzano. Segundo a coordenadora do Lemarx, professora Márcia Lemos, a atividade contempla o compromisso social da Universidade de trazer debates que contribuam para o desenvolvimento humano e “para a criação de novas formas de sociabilidade entre homens e mulheres, e a produção de uma sociedade que seja menos desigual e que promova a justiça social”, pontuou a docente.
Sob a lógica Feminista Classista, a criação de uma sociedade mais igualitária perpassa pelo debate sobre a competição imposta pelo sistema capitalista, na qual uns são jogados contra os outros, “assim quem ganha é o capital, porque, dessa forma, ele desvaloriza nossa força de trabalho e somos obrigados a nos submeter às piores condições de trabalho e remuneração”, disse Manzano.
Refletir sobre essa questão é o primeiro passo para a compreensão de que a luta deve ser unificada, segundo a docente. “Todos nós, homens, mulheres, LGBT’s, somos trabalhadores, precisamos lutar juntos, mas, ao mesmo tempo, entender que existem elementos de superexploração, como por exemplo: é diferente no mercado de trabalho uma mulher branca e uma mulher negra, uma mulher ou um homem transsexual. Essas diferenças não podem nos separar na luta, mas elas tem que ser compreendidas por nós, para que as lutas sejam também direcionadas para combater essas diferenças”, completou.
Feminismo não é antônimo de Machismo – Não é incomum em boa parte da sociedade, o pensamento de que o “Feminismo é o contrário do Machismo”. Mas, em uma rápida pesquisa pela internet, é fácil encontrar definições que desmentem os boatos e colocam fim a uma confusão que pode ter sido gerada por duas letras. No Dicionário Online de Português, a palavra “Feminismo” está descrita como: “movimento que combate a desigualdade de direitos entre mulheres e homens”. Já a palavra “Femismo” é que descreve o pensamento de muitos sobre o contraponto do machismo, como “doutrina que prega a supremacia da mulher em relação ao homem”.
A professora Márcia Lemos reafirmou a definição correta da palavra “Feminismo” e ressaltou a importância de debates como os que estão sendo propostos no curso, exatamente para que haja a correta compreensão sobre o assunto. “O Feminismo não é o oposto do machismo, e as mulheres feministas não querem criar uma situação em que as mulheres sejam superiores aos homens. É o contrário, é um movimento de organização das mulheres para combater as desigualdades sociais e promover uma equidade e não para promover a inversão dos valores dentro da nossa sociedade”, explicou.
O próximo encontro do curso acontecerá no dia 23 de outubro, com a temática “Patriarcado, Violência e Exploração: a vida das mulheres na sociedade de classes”, e se encerra no dia 13 de novembro abordando “Feminismo, Marxismo e Pós-Modernidade”. Para mais informações, entre em contato com o Colegiado de História pelo telefone (77) 3424-8676, ou pelo e-mail da coordenação do evento: lemarx@uesb.edu.br.