A venda de contraceptivos de emergência é alta e o trabalho reflete o impacto dessa comercialização
Hoje, está cada vez mais comum o uso de contraceptivos de emergência (CE) por mulheres que desejam evitar uma gravidez indesejada. São as famosas “pílulas do dia seguinte”. Contudo, muitas não recebem orientações adequadas para o uso do método, levando a utilização do medicamento de forma inadequada.
Nesse sentido, foi desenvolvido um trabalho de conclusão de curso com o tema “Uso indiscriminado do contraceptivo de emergência e o papel do farmacêutico na promoção do seu uso racional” pela pesquisadora Gleidiane de Farias Souza, estudante de farmácia, com orientação da professora Catiule de Oliveira Santos. A pesquisa busca entender as problemáticas associadas ao uso descontrolado do CE e investigar a relevância do farmacêutico na propagação de informação sobre o contraceptivo.
Devido ao acesso limitado de informações, muitas utilizam o método por influência de fontes não profissionais, as levando a terem efeitos colaterais adversos e a falha do medicamento. É nesse momento, que, de acordo com a pesquisadora, entra o papel fundamental do farmacêutico na disseminação de informações para promover a saúde reprodutiva e auxiliar no uso correto da medicação. De acordo com a pesquisa, os perfis das usuárias que mais buscam pelo CE são mulheres jovens e universitárias, que detém nível de escolaridade variável.
A pesquisa aponta a importância de ações educativas para redução dos impactos negativos no uso desses contraceptivos
Segundo a pesquisadora, a venda de contraceptivos de emergência é alta e, desta forma, o trabalho reflete e questiona sobre os impactos que a comercialização e uso indiscriminado deste método pode causar nas usuárias. Assim, a pesquisa buscou formas de explicar como o farmacêutico pode esclarecer e orientar na utilização do CE e de outros métodos “ele deve estar preparado para discutir as opções contraceptivas disponíveis, as indicações, contraindicações, interações medicamentosas e os possíveis efeitos colaterais”, explicou Gleidiane.
Apesar da função do profissional de saúde, percebe-se a falta de conhecimento que a comunidade possui sobre o contraceptivo de emergência (CE). Gleidiane comenta sobre a dificuldade de promover discussões sobre o método “os desafios incluem a desinformação generalizada, o estigma associado ao uso do CE, a falta de políticas públicas de educação em saúde e a resistência cultural a discutir temas relacionados à sexualidade e contracepção”.
Assim, ao fim da pesquisa, a estudante chegou à conclusão que, apesar da facilidade e disponibilidade do CE, ainda persistem desafios significativos na disseminação de informações. E, desta forma, é necessário implementar ações educativas e políticas públicas para que a população entenda e utilize de forma correta o contraceptivo de emergência, “contribuindo para a redução de gestações não planejadas e complicações associadas a abortos inseguros”, afirma Gleidiane.