Arte, política e ciência! A aliança entre esses campos fez parte da abertura oficial da 2ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária. Organizada por mais de 100 universidades brasileiras nos últimos anos, a ação chega a sua segunda edição da Uesb com uma programação que articulará atividades em Itapetinga, Jequié e Vitória da Conquista.
Desconstruir estigmas sobre os movimentos sociais por meio do conhecimento e da troca de experiências é um dos objetivos centrais da Jornada, segundo a professora Arlete Ramos, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uesb. “A ideia é, justamente, articular com [os movimentos sociais] para dar voz a esses sujeitos dentro da universidade e [fazer com] que esses sujeitos possam falar de si, das suas experiências, dos seus objetivos de luta, de suas bandeiras. Isso contribui para a retirada dos preconceitos”, explicou.
A abertura reuniu membros da administração da Universidade, bem como professores dos Programas de Pós-Graduação em Educação e em Ensino, além de estudantes universitários e representantes de movimentos sociais. “O objetivo é de reconhecer a importância que os movimentos sociais têm para a sociedade como um todo, no ponto de vista de todas as suas lutas, [que vão] desde a questão da Reforma Agrária, passando também pela educação, soberania, agroecologia, educação no campo. A Reforma Agrária, de certa forma, abarca todos esses aspectos”, completou Ramos, organizadora do evento.
Qual a necessidade da Reforma Agrária? – Segundo a professora Célia Regina Vendramini, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o questionamento é o ponto de partida da discussão e deve ser compreendido na amplitude dos impactos da Reforma tanto para o campo, como para a cidade.
Conferencista de abertura da Jornada, Vendramini destacou como a ausência da Reforma traz problemas significativos para a vida social, como “a concentração das pessoas no meio urbano, a falta de um equilíbrio entre campo e cidade, a produção de alimentos que o agronegócio não produz, a questão dos alimentos envenenados, das águas contaminadas, os problemas no meio ambiente, a situação dos trabalhadores do campo, a ausência de serviços no campo – hospitais, escolas, postos de saúde, universidade”, pontuou a docente.
Pesquisadora da temática, Vendramini trouxe ainda uma análise da atual conjuntura política brasileira no que diz respeito à educação. “A Universidade tem um papel de, em primeiro lugar, abrir espaço para esses debates, trazer para dentro questões que são da vida social – agrárias, urbanas, moradia, escolas; [em segundo lugar], de formação, porque também traz elementos acadêmicos, científicos, de pesquisa sobre essas temáticas que precisam ser socializadas. [Por fim], de articulação com movimentos sociais que estão lutando pela Reforma Agrária e pela escola pública”, complementou.
A Jornada segue até o mês de setembro e a programação completa pode ser conferida aqui.