O gênero informativo é o grande eixo do jornalismo, mas não resume a atividade, que é multifacetada e dialoga com diversas outras áreas, como a literatura. Nesse caso, “o jornalismo mantém o seu núcleo factual, mas usa de vários recursos da literatura, recursos estilísticos, para poder explicar, contextualizar e relatar melhor o fato”, explicou o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Daniel Christino.
Ele ministrou na última sexta, 19, e sábado, 20, o minicurso “Jornalismo literário como interpretação do cotidiano: uma introdução às hermenêuticas filosóficas gadamerianas”, no campus de Vitória da Conquista. De acordo com o professor, a oportunidade destacou uma forma importante do exercício do Jornalismo em um momento no qual os modelos de estruturação da notícia estão se modificando muito rápido. “Talvez essa relação mais estreita com a literatura possa fazer com que o jornalismo tenha uma outra perspectiva, inclusive se coloque como um discurso importante para as pessoas hoje, a partir de outros modelos e dispositivos de consumo de informação”, fundamentou.
O docente lembrou que o jornalismo literário é mais do livro do que do jornal, pois possibilita a profundidade e discussão. No curso de Comunicação Social e Jornalismo da Uesb, a vertente literária do fazer jornalístico tem encontrado espaço para abordagem na disciplina Narrativas Jornalísticas, cuja responsável é a professora do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas (DFCH), Élica Paiva, e no Grupo de Estudos e Pesquisas Narrativas, Formação e Experiência (Naforme), que promoveu o minicurso.
A docente contou que dá atenção ao gênero diversional na disciplina, no qual está inserido o jornalismo literário, pois o gênero informacional já é trabalhado no curso, possibilitando aos alunos um leque maior de atuação. No Naforme, ao se debruçar sobre a hermenêutica, a proposta é a de pensar a sua relação com a prática jornalística.
“Estudamos especificamente as hermenêuticas filosóficas de Hans-Georg Gadamer, e a gente pensou em como aliar essa perspectiva para ampliar o nosso olhar sobre como narrar o cotidiano de uma forma mais minuciosa, pensando nas tonalidades afetivas que existem nesse processo e de maneira que esse leitor possa perceber a ambiência onde acontece essa história”, ilustrou a professora Élica Paiva.
As reuniões do Naforme acontecem todas as terças, das 13 às 16 horas, no Laboratório de Telejornalismo, e são abertas à participação da comunidade.