“Numa sociedade racista, não basta não ser racista, é necessário ser antirracista”. Essa é uma frase da professora e filósofa estadunidense Angela Davis, que tem elo com o pensamento da professora e escritora Iray Galrão, autora de mais de cinco livros da literatura infantil, cujos temas falam sobre igualdade racial e pluralidade. Nesta terça, 23, Galrão participou da abertura das atividades promovidas pelo Proler, no campus de Itapetinga. O evento ocorre em decorrência dos 26 anos de implantação do Programa na cidade e tem como tema “Página de um livro bom”.
Segundo Iray, sua própria história de vida a impulsionou a ser ativista na temática racial através da literatura: “tenho uma filha negra e vi de perto situações racistas com ela. Transformei, pedagogicamente, a dor em ativismo”, afirmou. Conforme sua constatação, não aprendemos a ler, apenas a decifrar as palavras, sem apreendê-las. “Pelos textos, podemos passar estereótipos e preconceitos ao invés de combatê-los”, relatou a professora.
Escolha dos livros didáticos – Um dos temas abordados durante o evento foi a responsabilidade dos professores nas escolhas dos livros didáticos. A professora e contadora de história, Maria Mendes, explicou que o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) é destinado a avaliar e a disponibilizar obras didáticas, pedagógicas e literárias, entre outros materiais de apoio à prática educativa. No entanto, os livros são escolhidos pelas escolas, ou seja, os professores têm papel fundamental nessa escolha. “Chamo a atenção para o cuidado com o planejamento nas aulas de leitura, na seleção dos livros, da interação sem hierarquia, para que o silenciamento possa ser rompido dentro da sala de aula e os alunos possam falar mais o que pensam”, destacou.
Para a professora, a leitura como instrumentos de mediação tem o intuito de transformar crianças em leitores potenciais: “esses meninos e meninas precisam dialogar com os textos como sujeito-leitor e sujeito-autor, para que a leitura seja consolidada dentro do âmbito escolar, mas, sobretudo, fora dela”, disse Mendes.
Além das palestras, o 21º Encontro Regional de Leitura do Proler contou com oficinas, criação de textos, cantorias, narrativas, entre outras atividades. Para conhecer mais sobre o projeto, coordenado por Helena Ribeiro, basta fazer uma visita à Uesb, localizada na Praça Primavera. Continuamente, o Programa realiza ações, como contações de histórias para as crianças.