Nos últimos anos, houve uma expansão significativa das graduações tecnológicas no Brasil, que são os cursos considerados profissionalizantes. No entanto, o crescimento desse ensino, que visa a inserção mais rápida de profissionais no mercado de trabalho, é contraditório, pois, ao mesmo tempo em que aumenta as possibilidades de ingresso no ensino superior, restringe o acesso do estudante trabalhador ao ensino universitário. É esse o cerne da pesquisa realizada pelo professor Deribaldo Santos, da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
O docente conduziu nesta quarta-feira, 4, uma mesa-redonda, no campus de Vitória da Conquista, para debater o tema “Educação Tecnológica no Brasil”. No evento, promovido pelo Grupo Estado, Política e Sociedade no Brasil (Geps), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade, Santos apresentou a trajetória das graduações tecnológicas no país. Segundo ele, a partir do aprofundamento do neoliberalismo, o Brasil passou a investir nas graduações tecnológicas, que por terem uma duração menor, oferecem um ensino distante do ideal. “Antes, você tinha graduações clássicas, que são as licenciaturas e os bacharelados, com problemas, mas hoje você tem um curso técnico de qualidade duvidosa porque é muito mais curto. Isso tudo tem como finalidade única esvaziar o conhecimento”, destacou o professor.
Na oportunidade, Santos apresentou algumas de suas obras que tratam da temática, como os livros “Graduação Tecnológica no Brasil” e “Educação e precarização profissionalizante: crítica à integração da escola com o mercado”. “Além de apresentar as pesquisas teóricas, a minha produção é voltada para a classe trabalhadora, para poder mostrar que o trabalhador tem direito a uma universidade pública, gratuita, laica e de qualidade”, defendeu Deribaldo Santos.
Carlos Nássaro, integrante do Grupo Estado, Política e Sociedade no Brasil e egresso do doutorado em Memória, é professor do Instituto Federal Baiano. Para ele, essa discussão é muito pertinente, visto que é uma realidade vivenciada no dia a dia por muitos profissionais da educação. “Para mim, que sou professor que leciona em cursos tecnológicos, esse tema é de fundamental importância para poder desenvolver os entendimentos sobre a educação tecnológica no Brasil e compreender de que maneira ela se organiza e quais são os seus desafios”, comentou Nássaro.