Foi apenas em 1879 que as mulheres passaram a ter direito de ingressar em uma universidade no Brasil. Ainda assim, a matrícula deveria ser feita por seus pais ou maridos. Hoje, a realidade não é essa. As mulheres são maioria nas universidades brasileiras e a Uesb é um exemplo disso.
Entre os estudantes de graduação da Instituição, 59% são mulheres. Elas somam também 69% dos alunos de pós-graduação da Uesb. Já entre professores e servidores, cerca de 54% são do gênero feminino. Além disso, 50% dos projetos de pesquisa da Universidade são coordenados por mulheres. Muito além de números, são várias histórias para contar sobre toda essa diversidade, multiplicidade e presença feminina na Uesb.
Ingresso – Laryssa da Hora Pereira, estudante do primeiro semestre de Engenharia Ambiental, campus de Itapetinga, representa parte desse cenário. Iniciando mais uma etapa em sua história, depois de fazer curso técnico de Edificações e formar no curso de Engenharia Civil, a estudante resolveu tentar o ingresso na Uesb. “Engenharia Ambiental já era algo que eu desejava, porque eu sempre quis atuar com eco inovador na construção civil, de uma forma que reduza impactos ambientais. Estou muito feliz em iniciar esse curso na Uesb”, declara.
Laryssa ressalta, ainda, a importância de ter mais mulheres em cursos da área: “antigamente, a Engenharia era mais habitada por homens. Hoje, a mulher vem quebrando esse paradigma e mostrando que é tão eficiente quanto o homem, porque não há uma coisa que nós, mulheres, não possamos fazer”. Ela acredita que a luta não deve parar e que todas devem acreditar nos sonhos e seguir em frente. “Viemos de uma carga histórica muito grande de luta, e que continuemos com força de vontade para ir atrás dos nossos objetivos, porque somos capazes”, defende.
Conclusão – Anadir Farias está cursando o oitavo semestre do curso de Enfermagem, no campus de Jequié. Ela é um dos muitos frutos trazidos pela educação pública. “Sempre fui dedicada aos estudos, cursando toda trajetória na rede pública. Sou muito grata por isso”, conta.
A futura enfermeira lembra dos desafios para chegar à essa etapa. “Até o Ensino Fundamental, morava na zona rural. Enfrentei dificuldades relacionadas à distância, falta de professores, ausência de transporte, entre outros. Por outro lado, encontrei, nessa trajetória, anjos que sempre me incentivaram a estudar mais, ter sede de conhecimento”, complementa.
Na Uesb, Anadir está atenta às oportunidades. “Sempre busquei e busco desfrutar de tudo que a Uesb pode oferecer. Já fui monitora de disciplina, monitora de evento, representante estudantil, participei de liga, projeto de extensão, projeto de pesquisa, organização de eventos e, também, na condição de ouvinte. Todas as minhas vivências na graduação estão se somando para a profissional que estou me tornando”, destaca.
O objetivo da formanda é investir ainda mais na sua educação e com atenção para outras mulheres. “Recentemente, publiquei um artigo na área da Saúde da Mulher, com foco no câncer de colo do útero, uma área em que eu pretendo me especializar e vejo que, por vezes, é negligenciada”, reflete.
Às mulheres que querem ingressar na Universidade, ela encoraja, trazendo a própria trajetória como exemplo. “Tenho muito orgulho de toda minha caminhada, de onde vim, onde cheguei e para os lugares que ainda irei. Espero, de todo coração, que todas as mulheres lutem pelos seus sonhos. Todas carregam uma força extraordinária dentro de si”, afirma.
Permanência – Selma Norberto Matos, assessora de Acesso, Permanência Estudantil e Ações Afirmativas (Aapa), é mais um exemplo da multiplicidade dos papéis e possibilidades da presença feminina na Uesb. A professora está na Uesb desde 2005. De lá para cá, passou pela docência, pelo Núcleo de Apoio à Inclusão, projeto de extensão contínuo, além da orientação de trabalhos em Educação Inclusiva, organização e atuação em palestras, eventos e pesquisas na área.
Em 2018, a professora Selma assumiu a Aapa, com o desafio de estruturar a futura Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Permanência Estudantil. Ela ressalta a importância do papel feminino na área da gestão. “É fundamental termos mulheres ocupando cargos na gestão pública. Não apenas porque podemos acrescentar um outro olhar, um outro modo de sentir e fazer a gestão acadêmica, mas, também, para dar visibilidade às demandas femininas e às lutas do movimento feminista, assim como inspirar e servir de modelo para alunas em formação”, avalia.
A professora acredita que a presença de mulheres na docência, no serviço administrativo, ou como alunas e gestoras é extremamente relevante. “Em nossa pasta, apenas um cargo é ocupado por homem. As dimensões da atenção e cuidado, e de profissões que se relacionam com essas esferas do trabalho, estão bastante presentes na educação e nas políticas voltadas para estudantes, o que nos dá certa vantagem. Atributos de força, capacidade de gestão e liderança associados à sensibilidade nos tornam bem potentes”, analisa.