Parte teórica do Curso
Pensar no lixo não como objeto descartável, mas como resíduo que pode ser reaproveitado. Essa foi a proposta do Curso de Manejo Ecológico, realizado pelo Núcleo Sete Cascas, do dia 30 de novembro a 7 de dezembro, em Itapetinga. Aberto para a comunidade interna e externa, a atividade foi composta por uma etapa teórica – na qual foram explicados princípios da permacultura e bioconstrução – e uma segunda etapa – na qual foram realizadas intervenções na cidade e início da construção da sede bioecológica do grupo Sete Cascas.
Letícia Fernandes, docente vinculada ao Departamento de Ciências Exatas e Naturais (DCEN) e uma das responsáveis pelo curso, explicou que a iniciativa de fazer o curso de extensão foi iniciar a discussão na Uesb e na cidade sobre formas alternativas de tratar os resíduos de casa. “Todos os resíduos que produzimos em casa – seja produzido pela alimentação ou outros descartes – tem sido tratado de maneira pouco eficiente. Através desse curso, viemos discutir, apresentar e experimentar algumas técnicas de manejo ecológico, técnica que imita a natureza ao transformar matéria em energia. O que a gente produz como resíduo é, na verdade, um recurso. No caso do manejo ecológico, o resíduo é reaproveitado por microorganismos, por plantas”, comentou.
Segundo ela, a técnica garante menos gasto de energia, além de tratar o resíduo de maneira que ele possa retornar ao ambiente. “Não temos perda, temos aproveitamento total. Desde as fezes à água da pia. O curso foi uma tentativa de acender nas pessoas da cidade a curiosidade para técnicas alternativas e lembrá-las da importância de causar menos impacto no ambiente com o descarte”, explicou Fernandes.
Bioconstrução da sede do Núcleo Sete Cascas
Bioconstrução – Durante o curso, também foi realizada a etapa de início da construção da sede do Núcleo Sete Cascas – situada no campus de Itapetinga – com materiais sustentáveis, a bioconstrução. Para conduzir a atividade, os organizadores convidaram Leo de Barro, engenheiro civil e bioconstrutor, que vem se dedicando à permacultura e a construções de baixo impacto na natureza. Inicialmente, o engenheiro explicou locais mais adequados para construir de acordo com o posicionamento do sol, das sombras e da paisagem – tudo planejado de maneira integrada com a natureza. A partir disso, eles começaram as atividades de bioconstrução: “começamos a construir nossa sede e realizamos algumas intervenções na cidade, a exemplo da associação de horticultores que fizemos um círculo de bananeiras para tratar a água cinza, que é a água do banheiro (que não se mistura com fezes) e da pia de lavar roupa. Essa água é tratada no círculo de bananeiras e se transforma em biomassa”, disse a professora.
Leo de Barro contou que sua experiência com bioconstrução começou durante a graduação, na Universidade Estadual de Feira de Santana: “conheci o Núcleo de Permacultura de Rio de Contas e fiz cursos com eles. A partir daí, comecei a conhecer a bioconstrução na prática. Fiz trabalhos em Serra Grande e Itabuna”, afirmou. Ele ainda explicou que bioconstrução é um tipo de construção viva e de baixo impacto: “A estrutura como elemento que faz parte do ambiente e que interage com o ser vivo. A bioconstrução respira, come, dorme, precisa de luz”. Por isso, ele salientou a importância de pensar em todos os elementos antes de bioconstruir.