“O que realmente motiva as pessoas à prática do consumo de álcool, já que muitas têm o conhecimento do seu aspecto nocivo?”. Essa é uma das perguntas norteadoras do evento “Consumo de Álcool por Jovens e Adolescentes: um olhar das neurociências” realizado nesta sexta, 19, no campus de Vitória da Conquista. A atividade reuniu profissionais de diversas áreas para debater a temática com a comunidade acadêmica e com a sociedade em geral.
De acordo com uma das organizadoras do evento, a professora Elce Cristina, essa pauta é de interesse de ordem mundial, pois traz transtornos em vários níveis, desde prejuízos emocionais a financeiros. Durante o evento, foram apresentados alguns dados sobre pesquisas realizadas, que demonstram que as pessoas continuam usando a droga mesmo sabendo das consequências. “Isso mostra que precisamos ir além, por isso, é muito importante debatermos e procurarmos vários segmentos sociais e instituições universitárias para encontrarmos um mecanismo que venha inibir um pouco essa prática”, defende a docente.
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), apresentado no evento pelo conferencista Marcelo Tadeu Marin, professor da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), dependência “é a presença de agrupamento de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos indicando o uso contínuo pelo indivíduo apesar de problemas significativos relacionados à substância”. Ainda de acordo com manual, muitos são os fatores que indicam baixo controle do uso de álcool, como tolerância, síndrome de abstinência, perda de controle, tentar parar e não conseguir, desejo forte pelo consumo ou até mesmo o fracasso em cumprir obrigações, prejuízos financeiros, entre outros.
Para o professor Marcelo Tadeu Marin, muitas vezes o olhar para os problemas causados pelo álcool é tímido, devido sua tolerância social. “Temos um grande problema, normalmente quando pensamos em dependência de droga, não lembramos do álcool inicialmente, pensamos, no primeiro momento, em drogas ilícitas, mas se formos colocar no papel, o álcool é a substância que causa mais frequência de indivíduos que perdem o controle”, pontua.
Pesquisa realizada pelo Levantamento Nacional de Álcóol e Drogas (II Ilenad) revela que 35% dos jovens iniciam o consumo de álcool ainda na adolescência. Marin aponta que isso se deve ao comportamento muito comum entre os jovens que é a interação social. “A primeira coisa que o dependente precisa buscar é informação, se ele tem uma noção inicial dos motivos que o levam a procurar, se é por prazer ou desinibição”, mostra o professor.