Muitas vezes algo que vemos como lixo, sob o olhar correto, pode se transformar em algo precioso. Esse é o caso de uma pesquisa realizada na Uesb em parceria com a empresa B4F, especializada na extração de nefelina sienito, que a visão científica, enxergou potencial no pó de rocha.
Nessa parceria, a Uesb buscou estudar a aplicação do pó na agricultura para a melhora da qualidade do solo de plantio. O material rico em potássio, elemento essencial para o crescimento das plantas, seria inicialmente descartado. A conclusão demonstra uma alternativa aos fertilizantes tradicionais importados e um caminho de economia para o produtor rural, visto que o Brasil é um dos quatro maiores consumidores de fertilizantes químicos no mundo, importando mais de 80% desses materiais.
A pesquisa foi estruturada em quatro etapas. Inicialmente foi realizada uma fundamentação teórica para posteriormente ocorrer a implementação do experimento em campo. Seguidamente ocorreu a coleta de materiais para análises nos períodos avaliativos e análises laboratoriais. Na etapa teórica, foram realizadas buscas bibliográficas e o planejamento detalhado dos próximos passos.
Em um segundo momento, ocorreu a inserção do pó de rocha no plantio de capiaçu, espécie de planta frequentemente usada como forragem. Os resultados indicaram maior crescimento e produção de massa, mesmo durante a seca, além de plantas com células mais resistentes, capazes de enfrentar pragas e estresses climáticos.
Finalizando, o pesquisador realizou a coleta de dados do desenvolvimento das mudas, para posterior análise em laboratório das plantas produzidas com o uso do fertilizante. O apontam a ciência como aliada da sustentabilidade, e como alternativas simples podem ajudar a sanar problemas complexos e mundiais. “Com o crescimento populacional, vamos precisar produzir mais alimentos”, explica Juan. Para ele, o enriquecimento da qualidade do solo brasileiro é um dos caminhos para uma solução sustentável e acessível.
O pesquisador Juan Mark Amorim, do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Uesb, desenvolveu o estudo sob a orientação do professor Márcio Pedreira. Para ele, o desenvolvimento de um remineralizador produzido a partir de fontes como o pó de rocha, aponta para um caminho de fortalecimento da agricultura nacional. “O uso do pó de rocha como fertilizante alternativo pode ser uma solução nacional, mais barata e sustentável, que reduz a dependência de insumos importados e fortalece a produção agrícola no país”, destaca.