Quantas horas você fica à frente da televisão? Você conhece alguém que não desgruda os olhos do computador? Com foco na saúde física e mental de adolescentes, um estudo desenvolvido no Mestrado Acadêmico em Educação Física da Uesb mapeou os comportamentos sedentários excessivos em estudantes da rede pública de Jequié.
Coordenada pela pesquisador Rodrigo Fonseca, a pesquisa utilizou quatro comportamentos sedentários: assistir televisão durante a semana e durante o fim de semana; e usar computador ou videogame durante a semana e durante o fim de semana. “Foram classificados como sedentários excessivos quando o tempo de exposição foi igual ou superior a duas horas por dia, conforme diretrizes reconhecidas pela literatura científica e pela Organização Mundial da Saúde”, explica Rodrigo.
Apesar de apenas 1,8% dos estudantes analisados terem combinado os quatro comportamentos excessivos, o número de outras combinações é mais frequente do que o esperado. Entre os fatores que chamam atenção, alunos do sexo masculino apresentam quatro vezes mais chances de apresentar todos os comportamentos agregados. Já os estudantes com menos de 16 anos têm três vezes mais chance dessa mesma exposição combinada.
Para Rodrigo, o estudo vai além do estatístico e alerta para uma realidade social preocupante. “Muitos pais não percebem o risco associado à exposição excessiva a telas, especialmente quando ocorrem em várias formas (TV, videogames, celular). Este estudo mostra que o risco é cumulativo e frequentemente invisível”, afirma.
O estudo reforça, ainda, que o ambiente familiar é fundamental para a regulação dos comportamentos de adolescentes. Por isso, é importante o estabelecimento de limites para o uso de telas e a valorização de hábitos saudáveis no cotidiano familiar.
Como o estudo foi feito? – A pesquisa foi feita em dez escolas públicas localizadas na zona urbana de Jequié, na Bahia, em 2023. Ao todo, 1.406 estudantes do Ensino Médio participaram do estudo, com idades entre 14 e 21 de anos.
Com autorização dos gestores escolares, aprovação ética e treinamento dos pesquisadores, questionários foram aplicados aos jovens, perguntando sobre hábitos de uso de telas. Além disso, foram coletadas informações sociodemográficas e de estilo de vida, como idade, sexo, renda familiar, escolaridade da mãe, nível de atividade física e consumo de frutas e verduras.
Os quatro comportamentos sedentários excessivos foram escolhidos pelo fato de serem os mais comuns entre adolescentes e estarem associados com riscos à saúde, como obesidade, má qualidade do sono, problemas de atenção, alimentação inadequada e menor prática de atividade física. “A escolha desses comportamentos foi baseada em evidências científicas consolidadas e na relevância epidemiológica para adolescentes brasileiros, especialmente em regiões menos estudadas como o Nordeste”, completa Rodrigo.
O pesquisador segue investigando comportamentos sedentários e seus fatores associados entre adolescentes no Doutorado em Difusão do Conhecimento da Universidade Federal da Bahia (Ufba). “Quero aprofundar essa discussão, buscando caminhos inovadores e interdisciplinares capazes de transformar esses dados em ações efetivas”, completa.
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