Com a proposta de discutir e promover a reflexão sobre as perspectivas do Governo Federal, que assume a partir do mês de janeiro, o Laboratório Transdisciplinar de Estudos em Complexidade (Labtece) reuniu discentes e docentes na palestra “Futuro imediato do Brasil: qual é a sua cara?”. A atividade aconteceu no campus de Vitória da Conquista, nessa terça, 11.
“O objetivo é fazer essa reflexão em cima das propostas, da composição dos ministérios, o que tem sido veiculado pela equipe, pelo próprio presidente eleito. Fazer uma análise sobre quais implicações isso tem no contexto brasileiro”, explicou o ministrante da palestra, professor do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas (DCSA), Gildásio Santana.
De acordo com o docente, por influenciar toda a sociedade, os planos de governo e linhas de ação do presidente devem ser pautadas pela Universidade. “A academia tem que estar refletindo justamente isso. Seja para saber qual é a política educacional, a política econômica, avaliar a coerência, de onde vem essas propostas, qual o nível de praticidade, qual a aderência com a nossa sociedade, se ataca realmente os nossos problemas ou não, qual o grupo de interesse vai estar servindo, a que valores essa proposta está presa. É como se diz: é a própria história que está acontecendo e nós temos que acompanhar isso e as implicações e consequências”, fundamentou.
Perspectivas do Governo – O Labtece busca discutir temas contemporâneos relacionados tanto ao contexto mundial quanto à realidade nacional. Foi o que abordou o coordenador do Laboratório, professor Carlos Alberto Pereira. “Nesse último quadriênio, a situação do Brasil tem sido convulsionada, muito pelos acontecimentos. Desde 2013, a sociedade brasileira se encontra em movimento e sem perspectiva de que esse movimento tenha fim. Isso se dá em função da polarização política e social, que tomou um rumo bastante super dimensionado nessas eleições, onde nós vimos a sociedade cindida”, analisou.
Assim, a temática chamou a atenção do meio acadêmico. “O candidato eleito tem uma tradição política muito individual, uma trajetória desvinculada das organizações políticas mais gerais. É um defensor do regime autoritário que vigorou no Brasil de 1964 a 1985 e não tem muita propensão à defesa dos Direitos Humanos. Muito pelo contrário. As falas dele, durante a trajetória, demonstram certas preocupações”, defendeu o professor.
Para ele, esse período histórico é marcado por incertezas, desafios e novidades. O professor argumentou ainda que isso se dá por propostas como a perspectiva econômica chamada de ultraliberal, “ou seja, um salve-se quem puder em que, quase sempre, só salvam os mais fortes. Está em curso sugestões políticas restritivas das liberdades, como a possibilidade de criminalização de movimentos sociais, o que preocupa. Está em curso também uma possibilidade de adoção de políticas assentadas em comportamentos conservadores. Enquanto instituição universitária, de forma não preconceituosa e aberta, a gente precisa debater, discutir e apresentar alternativas frente a esse cenário que se avizinha”, concluiu.